Há certos acontecimentos que marcam com tanta intensidade a nossa vida, que permanecem na memória como um estridente despertador, indicando-nos que chegou a hora de externá-lo para o público. É uma maneira de reconhecimento por tantas distinções que, no íntimo, sentimo-nos não merecedores por tamanha benevolência.
Por razões que independeram de minha vontade, à época, não tomei conhecimento de uma apreciação, tão precisa quanto concisa, de um amigo a quem eu tanto admirava. Vamos ao texto:
“Prezado Amigo Oto,
Foi motivo de grata satisfação ter recebido o seu último livro, ainda em minuta, “Nas pegadas de uma espera”. Li com atenção e creio que ele não será um tiro no escuro. A realidade dos fatos apresentados, com relação ao momento em que vivemos, despertará a atenção dos leitores, em especial aqueles que se interessam mais de perto pelo destino do Brasil.
Sobre o livro, cumpre-me afirmar que gostei muito, não só pela maneira clara e concisa de como foi escrito, como pela atualidade e importância dos assuntos tratados (...)
(...) Muito bem elaborado, na 3ª parte, o Diagnóstico da atualidade, que no fundo é uma avaliação da conjuntura, na qual estão discriminadas todas as fragilidades do País, tanto no campo político, como no econômico e psicossocial. É triste constatar que ficaram para trás os tempos dos ovos de ouro; seria conveniente revertermos este quadro e, com certeza, a leitura dos livros Mosaicos da Sociedade Brasileira, nos trará excelentes subsídios para a solução dos nossos problemas.
No que se refere à crise propriamente dita, o amigo nos brinda com uma excelente resenha dos escândalos ocorridos a partir de 2005, radiografia bem detalhada e focada na corrupção que assolou o partido do governo e sua base aliada. Ninguém foi punido até hoje, talvez, só daqui a dois ou três anos. É... a impunidade estimula esses escândalos. Até quando a sociedade vai tolerá-los?
Finalmente, o livro apresenta uma sucessão de ocorrências, de 2005 até meados de 2007, que nos leva a concluir que as nossas instituições estão muito fragilizadas e quase impotentes para solucionar questões do dia a dia. Ficou claro também, no livro, que o Brasil precisa de reformas (política, tributária, trabalhista e do poder judiciário...). Porém estas reformas só alcançarão o efeito desejado se houver vontade política do governo para implementá-las, e um amplo respaldo popular.
Quanto à Constituição atual, também concordo que ela está ultrapassada. Entretanto, tememos que o momento não seja o adequado, pois o governo tem ampla maioria no Congresso e talvez venhamos a ter uma nova Constituição nos moldes venezuelanos (exagero meu). Bem, meu caro Oto, parabéns pelo livro e sucesso no lançamento.
Abraços, extensivos à digníssima família.”
Antônio Carlos de Câmara Brandão (Almirante Brandão) – Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2007.
Outro fato que não consigo esquecer foi a morte do amigo José Santiago Naud, com quem tinha um relacionamento fraterno. A sua passagem para outra vida, durante os efeitos do coronavírus, não pode ocultar como sua presença foi importante, tanto em fatos que marcaram acontecimentos relevantes e imprescindíveis de Brasília, quanto à divulgação do Brasil no exterior, como conferencista, professor e escritor.
Como exemplos, citaremos alguns fatos que o consagraram como cidadão que dedicou a sua vida à cultura e à educação: participou da criação da Universidade de Brasília em 1960, onde integrou o grupo de docentes, como professor fundador, nas disciplinas de Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira; poeta e ensaísta, exerceu vários cargos na Administração Pública, quando foi um dos cinquenta educadores (abril de 1960), selecionados por concurso nacional, para organizar o ensino médio da nova capital. De 1973 a 1985, contratado pelo Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores, dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros (CEB) do Itamaraty. Fico por aqui, lembrando que dois artigos publicados no Correio Braziliense tratam, com profundidade e clareza, da vida profissional de Santiago Naud.
Novos Rumos
O ano de 2020, com tantas cobranças para que o mundo desperte frente a uma realidade que poderá levar o planeta Terra à situação de inabitabilidade, passa o bastão para o ano de 2021 com a incumbência de continuar na árdua e incompreendida tarefa de salvar o planeta, com ensinamentos que combatam, na origem, os desatinos da prepotência e desapego pela vida, fatos esses comentados em artigos anteriores. Certifique-se.
Mesmo diante de tantas tragédias e desprezo pela vida, as duas referências que citamos, entre tantas outras que poderiam ser citadas, são exemplos que nos levam a afirmar que nem tudo está perdido. A esperança é a vanguarda do sucesso.
Boas festas, saúde e paz de espírito.
Atenciosamente,
Oto Ferreira Alvares
Curiosidades: Bloco dos IN: Incrédulos, Indiferentes, Inconformados, Indecisos, Injustiçados, Inadaptados, Incontrolados, Insatisfeitos, Insaciáveis, Intolerantes, Incompreendidos, Imprevisíveis, Impacientes e outros termos, assumidos ou não.
Vivamos o presente voltados para o futuro, mas com os pés no passado.
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