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Mostrando postagens de 2013

Uma Grande Aula

                                        (Quadragésima segunda comunicação) Uma crônica perdida no tempo                 Prometi a mim mesmo que no mês de dezembro não trataria diretamente de assuntos que envolvessem o estado de devassidão a que fomos conduzidos, nem tampouco das fragilidades institucionais. Mas elas continuam, apesar das festividades próprias do fim de ano, sempre envoltas na fantasia contagiante do natal consumista. Assim é que irei reproduzir uma crônica que nos leva a refletir sobre uma realidade da vida, pouco notada: Fé e resignação.                 Esta crônica foi publicada no Jornal de Brasília no Natal de 1993, onde mantinha uma coluna com o título de “Resenha da Atualidade”. Por considerá-la sempre atual, embora acontecida na década de 1990, vou trazê-la para os nossos dias.                         “Vou aqui narrar uma destas grandes aulas que nos são dadas pelo destino. Isso aconteceu numa cidade do interior de Minas.                 Visitei, h

Criança Abandonada

(Quadragésima Primeira Comunicação)             No artigo anterior nos referimos à criança abandonada, uma espécie já extinta, ao menos na interpretação da moderna sociologia. Mas vamos teimar em reconhecê-la como tal. No segundo volume dos Mosaicos da Sociedade Brasileira, Problemas Sociais e Sugestões, como chamamento à importância do assunto ali tratado, há um poema (?) com vista a chamar atenção sobre este grave problema. Vamos reproduzi-lo:    O ABANDONO DA CRIANÇA ABANDONADA A consciência social Reflete na inconsciência individual. A consciência individual Reflete na inconsciência social. E do reflexo de ambas as inconsciências Emerge o menor abandonado, Produto de incongruências Do mundo civilizado. Que mundo é esse, tão incapaz, Onde vidas são vividas Com o sacrifício de tantas vidas? Onde se fala de paz E se promove o delinquente? Onde se prepara a criança Para o não ser? “Olho por olho, D

Deplorável Realidade

                                                                                         (Quadragésima comunicação)             Como passa rápido o tempo! Já é dezembro, mês de festas e também de prestação de contas daquilo que fizemos ou deixamos de fazer. A oportunidade que tivemos de expor fatos vivenciados por quem nunca se sentiu com as condições necessárias para dar cumprimento a uma tarefa missionária de tamanha monta, é algo que extrapola em muito a capacidade de quem se viu envolvido nas teias do destino. Não foi fácil reconstituir um caminho percorrido, onde o que prevaleceu foi um embate entre o prosseguir e o acovardar-se. Confesso que muitas vezes pensei em abandonar aquela ideia extravagante de escrever livros que serviriam para apontar rumos ao País, em tempos difíceis, de muitos transtornos quanto à ordem institucional, com crises agudas a se repetirem, provenientes de fatores os mais diversos. E ainda mais: em época não anunciada. Apesar de me sentir pequeno de

A Realidade não Adjetivada

(Trigésima nona comunicação)                         Inicio dizendo que é preciso dar um basta à demagogia políco-ideológica que só enxerga e expõe aquilo que interessa mostrar como meio de propaganda, na maioria das vezes enganosa e absurdamente onerosa. A administração de um país é como se fosse uma esfera recheada de artigos primários que serão trabalhados, com o fim de atender a um complexo contingente humano, que exige trabalho e ordem para sobrevivência. Esta esfera chama-se Estado. Aqueles que têm a incumbência de administrar este complexo político, composto pelos Poderes da República — Executivo,  Legislativo e Judiciário —, são os representantes da nação, ou da população politicamente organizada. A máquina estatal é um complexo tão complicado que necessita revisão constante para verificar como está o seu desempenho. Dois destes poderes, Executivo e Legislativo, são escolhidos pelo processo eleitoral. O Judiciário, por ser incumbido de aplicar a justiça, portanto, dirim

Verso e Reverso da Moeda

(Trigésima oitava Comunicação) Por reiteradas vezes tivemos a oportunidade de afirmar que estamos numa encruzilhada dos tempos. Atônitos e atordoados diante dos fatos que estão acontecendo, principalmente aqueles que dizem respeito às necessidades básicas de sobrevivência, vamos tocando o barco. Genericamente apontamos a violência como fator predominante da epidemia do medo. Outros tantos fatos corriqueiros engrossam este estado de anomia, tão próprio de nossos dias. Citemos uns poucos: A necessidade de enfrentar a loucura do trânsito, estacionar e ter que nos submetermos às imposições ditadas pela necessidade de se organizar o caos, com a certeza de que estamos sendo observados e sujeitos a multas, além de descabidas bravatas autoritárias; aos entraves burocráticos; às falcatruas dos espertalhões; as filas gigantescas sem a certeza de sermos atendidos ou não, além do mau humor daqueles que, como nós, também têm os seus problemas e procuram descarregá-los sobre aqueles que deve

O Último Suspiro

(Trigésima sétima Comunicação)             É notório que vivenciamos uma época de transformações profundas. Não é fácil e é até mesmo arriscado tentar descrever o que se passa atualmente, mas os relatos que nos conduziram até aqui, exigem este procedimento. É necessário conjugar presente e passado para construirmos projetos para o futuro. O ano de 2013 deixa um rastro preocupante, justamente por ter sido um ano atípico. Mesmo com tantos desencontros, por decepção de muitos, o mundo continuará com os mesmos problemas de sempre. É característica da humanidade o ambiente de pessimismo de uns, contrariando o otimismo de outros, deformando o sentido do que seja a realidade.                 Vivemos um tempo de indefinições no que se relaciona com o modo de viver, de se relacionar e formar opinião sobre a vida que levamos e, isso, em todos os setores que envolvem a dinâmica do progresso material, em que as sucessivas descobertas e o constante aperfeiçoamento dos meios de comunicaçã

Fantásticas Transformações

                                           (Trigésima Sexta Comunicação)                           Nós, um pouco mais avançados em idade, vivenciamos e estamos assistindo a um processo de transformação inqualificável. A partir da 2ª Guerra Mundial, o mundo vem se transformando a cada momento. A globalização deu o chute inicial. Começava aí uma época de revogação de velhos tabus. As tradições e costumes cederam lugar a um tresloucado consumismo que, acompanhando a onda inovadora da tecnologia e da nanotecnologia, modificaram por completo as necessidades básicas da população mundial. Os meios de comunicação tornaram-se instantâneos e visuais. A economia das nações foi completamente engolfada pela economia do mercado global. O que acontece no fim do mundo — se é que o mundo tem fim — abala ou desestrutura as economias nacionais.             Mas tudo na história das civilizações tem o seu reverso. O que se planta colhe. O espantoso progresso das ciências e o início do vertiginoso

E a Barbárie Continua...

(Trigésima quinta comunicação) É simplesmente deplorável o que presenciamos atualmente. Pretendia dar uma trégua às más notícias, não as relacionando com o que ainda se pode apreciar como suscetíveis de correções. Mas os absurdos são tantos, em vários sentidos, que não mais chamam a atenção. Algumas dessas absurdidades são tão graves que se tornaram insolúveis. A insegurança do pacato cidadão é uma delas. Assistimos diariamente pelos noticiários das televisões, rádios e veículos de comunicações impressos — sem se mencionar ao que ocorre nas redes sociais, por não abranger a grande massa populacional —, notícias sobre crimes hediondos, como se fosse rotina da sociedade. São chacinas, assaltos à luz do dia, assassinatos com requintes de crueldades jamais imaginados, uma onda de mortes de policiais, enfrentamento entre quadrilhas de traficantes, tidas como guerra do tráfico, roubos de (em) agências bancárias e destruição com potentes petardos de dinamites de caixas eletrônicos, com

O Pré-Sal e a Realidade

(Trigésima quarta comunicação) No último comunicado falamos de paz e união. Qual seria a receita para apagar o fogo da discórdia? Diante desta pergunta é que vamos discorrer sobre o atual momento histórico, conduzindo o pensamento para uma realidade desprovida de bom-senso. É inegável que nos encontramos numa encruzilhada dos tempos. É preciso dar rumo ao País. O momento que vivenciamos exige transformações radicais quanto à representatividade política. Este é o ponto de partida. As instituições necessitam ser repensadas. Política, politicagem e ideologia só agravaram os eternos entraves impeditivos a um desenvolvimento mais condizente com as reais necessidades do País. Um desses entraves está enraizado na prática deturpada da representatividade política, principalmente dos Estados membros. Mas outro, igualmente grave, refere-se à qualidade dos representantes. Os políticos não se entendem ou fazem por onde não se entenderem. Não se sabe mais em quem acreditar. Ao mesmo tempo em q

União e Paz

(Trigésima terceira Comunicação)                       Inicio este artigo com a frase com que encerrei o anterior:          “A pujança de um país está na indômita vontade de seu povo.” União e Paz.          Mais uma vez volto a ocupar-me daquilo que é, infelizmente, a tônica do momento: a violência, a insegurança e o repúdio aos atos indecorosos que escapam da vigilância de corruptos inveterados e são divulgados pela mídia, sobretudo pelas televisões. Uma vez expostos à opinião pública tornam-se assunto do dia. Com o tempo, ninguém mais se lembra do que se passou. Acontece que, dependendo da repercussão do fato, permanece arquivado na memória coletiva. E assim surge a oportunidade para um desabafo coletivo. Tudo isso constitui justos motivos para que surjam os movimentos de protestos. Mas são exceções diante de um ambiente fétido de atos que atestam a falência da moralidade, tão comuns na gestão do patrimônio público, hoje presentes em quase todas as instituições da c

Uma realidade Calamitosa

                                                                        (Trigésima segunda comunicação)                        É triste constatar que uma realidade calamitosa prevista por precognições há tanto tempo (desde 1978), compõe o quadro político e social dos tempos atuais. Citemos mais um exemplo entre tantos já apreciados neste blog: No dia 07 de outubro de 2013, num movimento de apoio às reivindicações dos professores do Estado do Rio de Janeiro, várias corporações e sindicatos, tanto em São Paulo quanto na cidade maravilhosa, organizaram movimentos pacíficos, uma forma de prestar solidariedade aos colegas professores.  O que seria apenas uma demonstração de apoio a uma classe que se julga desprestigiada pelo poder público tornou-se um caso de segurança nacional: o surgimento inesperado dos black blocs, um bando de mascarados tidos como vândalos, repetiram atos de terrorismo, confiantes na impunidade de outras ocasiões. O que seria apenas uma maneira de marcar presen

Crises e Segurança

(Trigésima primeira comunicação)                                 As crises                                  De crise em crise podemos chegar ao fundo do poço.                 A porteira do curral eleitoral foi aberta. Por ali passarão histórias que já foram contadas, ou vistas ao vivo e a cores pelas televisões. Desfilarão na passarela do deboche os protagonistas de prodígios que ocuparam páginas e páginas dos principais jornais e revistas do País. Acontece que as crises sempre se revezam no cenário nacional. As greves e os movimentos populares, de justos protestos ou de bandos de arruaceiros, verdadeiros vândalos que se infiltram em movimentos pacíficos, tornaram-se atos de rotina. As balas de borracha e os sprays de pimenta podem se tornar motivo de samba. Presenciamos pela televisão, no dia primeiro de outubro de 2013, o protesto dos professores do estado do Rio de Janeiro contra a votação do plano de carreira e salários da categoria, num acirrado confronto dos man