(Trigésima primeira comunicação)
As crises
De crise em crise podemos
chegar ao fundo do poço.
A porteira do curral eleitoral foi aberta. Por ali
passarão histórias que já foram contadas, ou vistas ao vivo e a cores pelas televisões.
Desfilarão na passarela do deboche os protagonistas de prodígios que ocuparam
páginas e páginas dos principais jornais e revistas do País. Acontece que as
crises sempre se revezam no cenário nacional. As greves e os movimentos
populares, de justos protestos ou de bandos de arruaceiros, verdadeiros
vândalos que se infiltram em movimentos pacíficos, tornaram-se atos de rotina.
As balas de borracha e os sprays de pimenta podem se tornar motivo de samba.
Presenciamos
pela televisão, no dia primeiro de outubro de 2013, o protesto dos professores
do estado do Rio de Janeiro contra a votação do plano de carreira e salários da
categoria, num acirrado confronto dos manifestantes com os policiais militares,
como sempre, infestado de baderneiros. E o quebra-quebra se repetiu.
Os índios também
estão em “pé de guerra”, num impasse difícil de chegar a bom termo. A imprensa
noticiou que 1500 índios acamparam em frente ao Congresso Nacional,
representando cem etnias. Com gritos e ameaças conseguiram suspender a votação
da PEC 215/00 (proposta de emenda constitucional) que então se processava. Esta
PEC transfere para o Legislativo a competência de demarcar terras indígenas,
uma prerrogativa do Executivo.
Até mesmo
policiais do estado de São Paulo protestaram em frente ao Palácio dos
Bandeirantes, reivindicando melhores condições de trabalho, mudança do plano de
carreira e reajuste salarial. A insatisfação da classe médica continua acesa, enquanto
os médicos estrangeiros (leia-se: cubanos) continuam a chegar.
A atuação
da criminalidade ocupa a maior parte dos noticiários televisivos. São chacinas,
seqüestros, arrombamentos de caixas eletrônicas de bancos, arrastões em praias
e agora também em restaurantes, assaltos a ônibus e roubo de cargas;
saliente-se: na maioria das vezes acompanhado do caminhão e morte do motorista,
principalmente quando se trata de armas e envolve o tráfico de drogas (crime
organizado). E os crimes contra mulheres e crianças que aumentam numa velocidade
nunca vista? A insatisfação é geral. Resultado: o número de suicídios e
problemas de saúde mental é assustador. Quem
se sente seguro ou mesmo não se estressa com o trânsito caótico, onde
estacionar é prêmio de loteria?
As cenas
envolvendo as precariedades no serviço de saúde são de condoer-se pelo que se
assiste nas televisões. A educação é motivo de constantes avaliações negativas.
Mas tudo
isso seria apenas um pesadelo? Infelizmente, não, é a pura realidade. O amanhã
anuncia melhores dias, pois a propaganda política irá resolver todo este estado
caótico. A oposição vomitará horrores e mais horrores, além de apresentar
solução para as mazelas nacionais. Os detentores do Poder, por sua vez,
mostrarão o reverso da medalha, o sucesso no combate à miséria e nas obras
realizadas e nas interrompidas, como sempre vem acontecendo. É o confronto dos
salvadores da Pátria com aqueles que almejam apropriar-se do Poder. Quem será
capaz de ir a fundo, até as origens que nos levaram a um estado caótico
indefinido? Aqui não se trata de escolher este ou aquele candidato, uma vez que
o gargalo encontra-se nas instituições ultrapassadas e portadoras de problemas
insanáveis. Boa intenção é muito pouco para contornar tantos problemas. O nosso
mal, pelo visto, contagiou até os Estados Unidos. Lá, como aqui, as coisas
também não andam assim tão boas. É uma nova ameaça que pode nos afetar de
maneira drástica, pois o mundo globalizado depende da economia deles.
Em síntese: se as crises se revezam, com o período
eleitoral teremos mais um motivo para acirrar os ânimos e dar continuidade para
que elas continuem a perturbar ordem social. Até quando?
Segurança
Diante de
tantos fatos estapafúrdios que presenciamos no dia-a-dia, num ambiente de
crises contínuas que se revezam, uma se destaca justamente por dizer respeito
ao mais sagrado dos direitos naturais com que fomos contemplados: o direito à
vida. Quem se sente seguro, até mesmo no lar, quando se sabe que assassinos
perigosos e outros tipos de criminosos da pior espécie andam livres por aí,
cometendo os mais perversos crimes, tidos como hediondos? Por que isso acontece com tanta frequência?
Respondemos com convicção, com base nos noticiários que já se tornaram rotina:
a responsabilidade está no desinteresse e na falta de vontade política de sanar
falhas estruturais da segurança pública, principalmente no que se refere à atenção
que deveria existir para com a segurança do cidadão.
O sistema
prisional deixa claro que está falido. Grande parte dos crimes são cometidos
por foragidos da justiça ou contemplados com benefícios de leis que incentivam
o crime. Com este ato de tanta bondade hipócrita, a vida e o patrimônio de
cidadãos probos estarão à mercê da sorte. E por que isso acontece? Simplesmente
porque as cadeias e penitenciárias estão abarrotadas. É uma maneira de minorar uma
deficiência institucional. Outra deficiência está no tratamento que se dá aos
encarcerados. É desumano e, com raras exceções, incentiva a revolta. O ócio
leva somente ao que não presta. Daí perigosos criminosos, de dentro das
penitenciárias, planejarem e comandarem assaltos e tantos atentados, no
vulgarmente chamado de crime organizado. E põe organizado nisso. Não adianta
manter preso o malfeitor, é preciso dar-lhe oportunidade de sentir-se útil. O
trabalho e a educação, com liberdade e incentivo para praticar o seu credo
religioso, são terapias essenciais para o retorno à sociedade de cidadãos regenerados.
O assunto é inesgotável. Como fecho transcrevo um texto
que consta do primeiro volume dos Mosaicos (Problemas Institucionais e
Sugestões), já fartamente referidos como provenientes de precognições: “Problema
Institucionais e Sugestões”. Ali, o tema é desenvolvido de maneira a enfrentar
o estado caótico que hoje presenciamos, com sugestões nas várias áreas da
segurança pública. Vamos a um pequeno texto:
“No limite de qualquer atividade humana, seja ela qual
for, comporta como complemento essencial a palavra segurança. O ser humano,
devido a sua fragilidade física, mas, sobretudo visando à defesa de seus
interesses e a crescente falta de confiança no seu semelhante, onde o egoísmo
ainda suplanta o espírito de fraternidade, cerca-se de precauções diversas para
garantir a sua sobrevivência. Tudo que ele faz, mas tudo mesmo visa
exclusivamente a sentir-se seguro, diminuindo os riscos e consequências
adversas. Assim, a palavra segurança não
é termo que por si só se define. Fala-se em segurança nacional, segurança
pública, segurança institucional, segurança no trânsito, segurança jurídica,
segurança individual, segurança coletiva, segurança no trabalho, segurança na
escola, segurança na família, segurança ambiental, enfim, numa infinidade de
seguranças. Para cada ameaça à fragilidade do homem, quer individual quer
coletivamente, por via de consequência, surgem as técnicas e processos para
combater ou anular essa ameaça. A segurança é, assim, a atividade pela qual o
homem busca a harmonia no convívio social.”
O assunto, não é assim tão
agradável, mas necessário para apontar uma realidade que pode ser modificada.
Brasil, acima de tudo!
Parece-nos ser mais que hora de refletirmos sobre a sustentabilidade, ou não mais, do ATUAL MODELO DE ESTADO. Parece-nos que a lucidez se encontra distante dos modelos de MONARQUIA, ARISTOCRACIA, e DEMOCRACIA atuais. Parece-nos, pois, chegada a hora do ESTADO LUCIDOCRÁTICO, seja MONÁRQUICO, ARISTROCRÁTICO, e/ou DEMOCRÁTICO. Fraternalmente - Sinicio: jsinicio@gmail.com
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