(Trigésima terceira Comunicação)
Inicio
este artigo com a frase com que encerrei o anterior:
“A pujança
de um país está na indômita vontade de seu povo.” União e Paz.
Mais uma vez volto a ocupar-me daquilo que é,
infelizmente, a tônica do momento: a violência, a insegurança e o repúdio aos
atos indecorosos que escapam da vigilância de corruptos inveterados e são
divulgados pela mídia, sobretudo pelas televisões. Uma vez expostos à opinião
pública tornam-se assunto do dia. Com o tempo, ninguém mais se lembra do que se
passou. Acontece que, dependendo da repercussão do fato, permanece arquivado na
memória coletiva. E assim surge a oportunidade para um desabafo coletivo. Tudo
isso constitui justos motivos para que surjam os movimentos de protestos. Mas
são exceções diante de um ambiente fétido de atos que atestam a falência da
moralidade, tão comuns na gestão do patrimônio público, hoje presentes em quase
todas as instituições da combalida República. E os movimentos tomam corpo e
tornam-se motivos de preocupação. Por que isso acontece? Porque aos justos
movimentos juntam-se outros tantos que se servem do momento para marcar presença,
como forma de pressão? Assim chegamos onde estamos. Todos os dias temos
novidades. Vejamos mais um fato que já se tornou rotina.
Dia 15 de outubro de 2013, Dia do Professor. Ao invés
de festas e comemorações dignas da data, uma oportunidade de congraçamento dos
profissionais do ensino com alunos e pais, foi marcada por mais uma noite de
protestos e enfrentamentos de arruaceiros e mascarados com os agentes da
segurança pública, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Como sempre, com quebra-quebra e queima de
viatura da polícia, num nítido sinal de desafio às forças de segurança,
atacando com pedras, paus e artefatos improvisados, numa triste repetição do que
vem se tornando rotina. Nos outros estados, além do apoio ao movimento dos
professores, somou-se o repúdio aos governadores e políticos. Triste
constatação!
Mas tem mais com que se preocupar...
Estão surgindo, aos poucos, os movimentos ideológicos
de esquerda que andavam desaparecidos, ou pouco apareciam. Estes movimentos têm
por objetivo algo mais sério: fragilizar ainda mais as já desprestigiadas
seguranças públicas, criar espaço para promover a luta de classes e atacar o
setor produtivo, fomentando antiga rixa. Não se deve duvidar da força e
organização do MST e outras organizações similares, que preferem métodos mais
práticos, como invasão de fazendas e órgãos públicos, bloqueio de estradas e constante
exposição na mídia, dando apoio a movimentos que nada têm com o que se pretende
implantar, a reforma agrária.
Diante deste quadro tão complexo é bom que nos
lembremos das palavras paz e união, motivo do título deste artigo.
Estas duas palavras mágicas, paz e união, exigem mais
do que vãs promessas, pois não se prestam a servirem de ingredientes nocivos,
acobertando erros do passado sem nenhuma vontade explícita de enfrentá-los.
Infelizmente, ou felizmente, as manifestações reivindicatórias e de contestações
aos desmandos acumulados estão a exigir ações que promovam o equilíbrio entre
extremos, uma realidade perversa, sempre acobertada por interesses que as
ignoraram. A voz do povo ratifica o que há muito tempo vem sendo apregoado: a
necessidade de rever velhos conceitos e adaptar as instituições às necessidades
atuais, fugindo da demagogia e politicagem, males que acobertam reiteradas
falcatruas nocivas aos interesses nacionais.
Os contrastes estão presentes em todos os setores da
sociedade. Ninguém, em sã consciência, nesta avalancha de informações à
disposição do público, perde o seu precioso tempo em apreciá-los como
acontecimentos sérios. Com o passar do
tempo se transformam em crises irremediáveis. É o que estamos presenciando no
momento. Tudo indica que vão se repetir,
pois continuaremos a não perder o nosso precioso tempo. São muitos os motivos
que denotam o aprofundamento das crises e mantém acesos confrontos permanentes.
O principal deles está na falta de uma política salarial que resolva definitivamente
os gargalos que provocam atritos, sobretudo greves e movimentos
reivindicatórios como imposição, dando pouca oportunidade de se manter diálogos
racionais. As organizações com maior poder de pressão, geralmente acorrentadas
ideologicamente às centrais trabalhistas, agem como se fossem braços
disponíveis para uma luta de classes, arcaica e marxista. Com boa representação
política, estabelecem o que bem entendem. Esta prática se transformou em
pressão irrecorrível. Ganham sempre os mais fortes. Não há diálogo nem possibilidade de debater
planos de carreiras justos e impermeáveis aos interesses classistas. Assim, não
há como fugir da lógica do mais forte. Ganham sempre. Esta prática está bem
sedimentada na infraestrutura sindical e tem sido uma constante fonte de
injustiça salarial e impedimento de um avanço voltado para a valorização do
trabalhador, e não apenas do trabalho. Este ponto de vista abrange tanto o
trabalhador público quanto às organizações privadas. Atualmente as greves e
movimentos reivindicatórios foram fortalecidos pelos movimentos que usam as
passeatas para demonstrar o seu poderio de força, bloqueando estradas, vias
públicas e praticando toda espécie de destruição do patrimônio, público e
privado.
Triste realidade! Para combatê-la é necessária a união
de forças que estão esparsas, sem motivação para que apontem um rumo.
E a paz?
Esta virá como consequência natural. Mas necessita de vontade e disposição para
ir ao seu encontro. É necessário apontar caminhos. Atualmente o que predomina
são xingamentos, insultos, críticas exacerbadas, ódio convertido em vingança
sem sentido. Em consequência, o estado de animosidade só pode trazer novas crises.
E essas sucederão até encontrarem um ponto de colisão inevitável.
Estas duas palavras mágicas, paz e união, exigem mais
do que vãs promessas, pois não se prestam a servirem de ingredientes nocivos,
acobertando erros do passado sem nenhuma vontade explícita de enfrentá-los.
“Ainda
que as vozes que gritam não tenham o poder de despertar quem necessita ser
despertado, podem, pela gravidade do caos que já se avizinha promover um alerta
pela unicidade de sons, despertando aqueles que não se dispuseram a colocar um
tampão nos ouvidos” (Radiografia de uma Nacionalidade Desnuda, 2000).
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