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Verso e Reverso da Moeda


(Trigésima oitava Comunicação)

Por reiteradas vezes tivemos a oportunidade de afirmar que estamos numa encruzilhada dos tempos. Atônitos e atordoados diante dos fatos que estão acontecendo, principalmente aqueles que dizem respeito às necessidades básicas de sobrevivência, vamos tocando o barco. Genericamente apontamos a violência como fator predominante da epidemia do medo. Outros tantos fatos corriqueiros engrossam este estado de anomia, tão próprio de nossos dias. Citemos uns poucos:
A necessidade de enfrentar a loucura do trânsito, estacionar e ter que nos submetermos às imposições ditadas pela necessidade de se organizar o caos, com a certeza de que estamos sendo observados e sujeitos a multas, além de descabidas bravatas autoritárias; aos entraves burocráticos; às falcatruas dos espertalhões; as filas gigantescas sem a certeza de sermos atendidos ou não, além do mau humor daqueles que, como nós, também têm os seus problemas e procuram descarregá-los sobre aqueles que deveriam atender com presteza e educação.
Mas tem mais: a locomoção de casa para o trabalho e o retorno após mais um dia exaustivo, tendo suportado a ranzinza do chefe que também tem os seus problemas; daqueles que dependem do transporte urbano, sob o impulso do empurra-empurra de provocadores loucos para criar encrencas por qualquer coisa; acresça as causas de desarmonia no lar com os ingredientes que abastecem os problemas de saúde e desafiam a segurança pública. O desemprego, o subemprego, a moradia e a incerteza do dia do amanhã completam o quadro que compõe a sociedade daqueles que têm o sagrado dever de escolher os futuros representantes do povo, nos cargos eletivos, do Executivo e do Legislativo.
Estão aqui alguns ingredientes que compõem a sociedade hodierna, sobretudo a urbana. Das dificuldades de conviver num mundo tão complexo quanto absurdo, surge a imperiosa necessidade de comunicar-se e inserir-se no dia-a-dia global. Num mundo do consumo obrigatório, o celular tornou-se objeto imprescindível. Para cada classe social, no campo da informática, os artigos variam ao gosto do freguês, que vão dos ultra-sofisticados aos aparelhos modestos, objetos já ultrapassados.    
Está aí um dos lados da moeda. O que de fato está a merecer uma atenção especial é o outro lado desta moeda. Aquilo que não é transparente aos olhos da maioria. Os efeitos maléficos que podem resultar em tragédias e transformar em episódios comprometedores do futuro da nação, ou do povo que não tem e nem sonha em ter identidade própria. Estes são os que se contentam com as migalhas do paternalismo estatal. O seu tempo é preenchido pelo binômio pão e circo.
O mais grave, no entanto, refere-se aos secretos propósitos de, a qualquer custo e risco, de se criar o ambiente ideal para dar sequência aos objetivos há muito sonhado, o de prosseguir na conquista do poder com a nítida intenção de desmerecer e até mesmo apagar da história fatos relevantes de outros governos, sobretudo os militares. As Comissões da Verdade, federal e estaduais, o Foro de São Paulo e outras organizações congêneres, além das investidas políticas vindas dos poderes Executivo e Legislativo, tentam apagar vestígios do que ainda resta(va) dos feitos que interromperam, provisoriamente, a implantação de um suposto comunismo democrático. Pobre democracia! Cuba continua como cérebro irradiador e exemplo de como atingir a escalada do que, em outras épocas, foi meticulosamente planejado.
Tudo ia maravilhosamente bem, até que apareceu algo inesperado, o que causou espanto pelo fator surpresa. No entanto, não passa do que seria fato normal, caso não estivéssemos diante de efeitos provocados por vícios derivados da inobservância dos preceitos que regulam procedimentos de uma sociedade que não se entende. Quando aparece alguém disposto a cumprir com retidão os deveres inerentes ao cargo que ocupa, é um “deus nos acuda!”. Há, como tudo na vida, os que apóiam e os que renegam, os prós e contras, por uma questão de formação individual circunscrita à condição de vida que, por liberdade de escolha, optaram por seguir. Trata-se do livre-arbítrio. O interesse é a razão principal de nossas decisões.
Assim, por uma questão de coerência, vejo-me compelido a comentar sobre os mandados de prisões emitidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, no dia imediato à decretação das sentenças (17/11/2013). A surpresa está na rapidez com que se posicionou. Por prudência e antecipação aos possíveis recursos protelatórios, determinou à Polícia Federal para que cumprisse a ordem e os locais a que deveriam ser recolhidos os condenados. Dos 12 sentenciados apenas um deixou de apresentar-se, o ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato que, valendo-se da dupla cidadania, preferiu fugir para a Itália. Lá ele está seguro. Ainda que houvesse interesse do governo em pedir a sua extradição, o caso do criminoso Cesare Batisti, negado pelo governo Lula, seria um bom motivo para também negá-lo. 
Aqui está o ocorrido, uma síntese do que os meios de comunicações noticiaram, acompanhando passo por passo as apresentações dos condenados, desde as cidades onde se entregaram até os locais destinados ao encarceramento, em Brasília.
            Já estamos imersos no período eleitoral, queiramos ou não, uma época em que tudo pode ocorrer. Passados os momentos de crises agudas, a poeira se assenta e a vida continua. Tudo cai na rotina até o próximo fato que, aos poucos, vai se consolidando o reverso da medalha.    

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