Pular para o conteúdo principal

Deplorável Realidade


                                                                                         (Quadragésima comunicação)

            Como passa rápido o tempo! Já é dezembro, mês de festas e também de prestação de contas daquilo que fizemos ou deixamos de fazer.
A oportunidade que tivemos de expor fatos vivenciados por quem nunca se sentiu com as condições necessárias para dar cumprimento a uma tarefa missionária de tamanha monta, é algo que extrapola em muito a capacidade de quem se viu envolvido nas teias do destino. Não foi fácil reconstituir um caminho percorrido, onde o que prevaleceu foi um embate entre o prosseguir e o acovardar-se. Confesso que muitas vezes pensei em abandonar aquela ideia extravagante de escrever livros que serviriam para apontar rumos ao País, em tempos difíceis, de muitos transtornos quanto à ordem institucional, com crises agudas a se repetirem, provenientes de fatores os mais diversos. E ainda mais: em época não anunciada. Apesar de me sentir pequeno demais para tamanha tarefa, ao mesmo tempo sentia-me na obrigação de enfrentar toda espécie de empecilhos, inclusive as naturais fraquezas. Era um salto no escuro, mas um salto calculado. Via-me impelido a seguir em frente, com determinação, sem avaliar o peso de minhas fragilidades, que eram tantas.
            Assim, a minha principal preocupação foi a de tentar, a qualquer custo, vencer obstáculos para os quais eu não me sentia preparado. No entanto, as coisas aconteciam naturalmente. Durante este tempo, talvez para adaptar-me aos rigores provenientes de forças que se opunham ao objetivo colimado, fui acometido por doenças graves, além de uma série de fenômenos tidos como paranormais. Estas turbulências da vida ensejaram-me a registrá-los em livros, o que me abriu um novo modo de encarar uma dupla realidade: a convencional e a mística.
            Ao apresentar um balanço do que foi tratado até aqui, o faço consciente da dificuldade em expor ideias e narrar fatos que não seguem a lógica estabelecida pela cultura, já solidificada e vivenciada, principalmente quando o assunto é tratado sob o ponto de vista místico, para muitos, irreal e absurdo.
            Está aí a razão de ter desenvolvido as comunicações em duas fases: a primeira, relativa à misticidade, enfatizando os fatos que nos levaram a abraçar como dever impositivo irrecusável, uma tarefa para a qual não me sentia preparado; a segunda, decorrentes de fatos da vida contemporânea, que não apenas comprovam o que foi tratado sob o ponto de vista místico, como também compõem um quadro de anormalidades presenciadas, vivenciadas e expostas pela mídia, como distorções institucionais que exigem providências corretivas para construção de estruturas sólidas destinadas a um futuro promissor. O que está a acontecer no cenário nacional, já há algum tempo, dá mostra de tal necessidade.           
            É notória a transformação ocorrida por um desenvolvimento no domínio da matéria, tanto no macro como na micro ciência, nanotecnologia, em todos os setores, principalmente na informática. Há um deslumbramento que faz com que, de um dia para o outro, à surdina e sorrateiramente, aconteça um desenvolvimento que está aí, ao alcance de quaisquer meios de avaliação, portanto, às claras e sem objeções. É a competitividade entre os gigantes de cada setor. Pergunto: nós estávamos preparados para tamanho choque? Aos poucos estamos sendo tragados por uma dependência sem limites, que já influem no comportamento da nossa sociedade, principalmente pelos mais jovens. O homem foi ultrapassado, e muito, pela máquina. Até mesmo a inteligência, outrora privilégio da raça humana, foi invadida no que tinha de mais valioso, o direito de ter vontade, de escolher. Tudo mudou rapidamente. Mas o que mais apavora é o trato humano quanto à qualidade de vida, tendo como consequência o estado deplorável de miséria, banalizado por medidas paliativas que se revezam de governo para governo. Pelo que tudo indica, isso acontece para satisfazer interesses políticos e ideológicos. Cito como exemplo o estado deplorável da criança abandonada, aquela que vaga pelas ruas ao sabor de uma sorte madrasta, facilmente atraída para experimentar o crack, a pré-escola ao cometimento dos pequenos delitos. Concomitantemente, dá-se o ingresso no mundo da malandragem. A seguir, vem a preparação para aventurar-se no submundo do crime pesado, como coadjuvantes. Daí para o cometimento de crimes aterrorizantes é questão de oportunidade. A impunidade legal, amparada pela visão distorcida dos chamados “direitos humanos”, incentiva novas atrocidades. Está aí o manancial para abastecimento do crime organizado, sobretudo o tráfico de drogas.
E a criança recém-nascida ou de tenra idade que é deixada ao relento, assim como se fossem animaizinhos, na esperança de serem adotadas?  Aqui cabe uma reflexão: O ato da adoção é altamente humano, um ato de amor e cidadania, mas deplorável a maneira como acontece atualmente: na raiz da sua origem está o desprezo pela vida, a miséria, a má formação cultural, a irresponsabilidade aliada aos antivalores da ética e carência de formação religiosa. A instituição família tornou-se coisa do passado. Foi vítima da falta de critério para discernir o que é certo do que é errado. No caso, prevaleceu a irresponsabilidade do erro, da desumanidade. O resultado não demorou a aparecer. Somos todos culpados pelo que vivenciamos, sobretudo o medo e a insegurança.   
            O ponto fraco é que o ser humano, que deveria ser a base da pirâmide do desenvolvimento, está num plano inferior, submetido à rudeza da ideologia do “quanto pior, melhor” e aos percalços oriundos de uma estrutura defeituosa do Estado.  A palavra estrutura aqui posta, abrange uma dimensão elástica da composição do Estado, sob os pontos de vista político, econômico, administrativo e social, compreendendo um novo regime de governo e a semente a ser plantada sobre um também novo sistema econômico.
É disso que os Mosaicos da Sociedade Brasileira tratam. Por ser obra vinda de precognições senti no dever de, paulatinamente, ir chamando a atenção de pontos críticos ali vistos, justamente para salientar uma causa que não é minha, mas de todos nós. Portanto, na próxima postagem será visto um “poema” que se refere à criança abandonada, uma triste e preocupante “Deplorável Realidade”.
            

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NATAL

  Esta Poesia, escrita num passado distante refere-se a colheita da degradação dos costumes.           NATAL   Chegou dezembro. O ano se esvazia. Renovam-se esperanças do passado. Paira no ar alegres melodias, Evocando os sonhos sepultados.   Vão-se os dias e o Natal já se aproxima. Festas, luzes, tumulto e correria. Neste ambiente de tão ameno clima, O homem se envolve em fantasia.   O interesse mordaz dissipou a fé; A ostentação, em tudo predomina. O feroz consumismo calou até O ateísmo, que ante ele, se inclina.   Entre o profano, o místico e o sagrado, Ocorrem os festejos natalinos. O homem, por esta tríade guiado,  Volta-se novamente ao paganismo.   A árvore de natal, sofisticada, Acabou com sadia tradição.  Papai Noel, figura importada, Cede seu lugar para outra ilusão.   Lembramos do Natal de antigamente, Onde Jesus Menino, pobrezinho, Venerado com amor, ardentemente, No presépio do lar, com mui carinho.   Saúde e esperança por melhores dias, são os nossos votos para que tenhamo

PALAVRAS CHAVES – 211ª Comunicação

    Há certas palavras que podem ser comparadas a uma chave, pela força de sua expressão, com abrangência de interpretações em variadas situações: a favor ou contra.        Não há efeito sem causa. O que vivenciamos atualmente, com tantas tragédias a desafiar a gestão pública, sobressai a palavra solidariedade, como o bálsamo do amor ao próximo. O mundo passa por uma turbulência de temerosas tragédias, na eminência de se tornar a terra imprópria para a vida humana.           O que se passa no Rio Grande do Sul é mais do que uma tragédia. Trata-se de uma hecatombe (massacre de grande número de pessoas; destruição; uma grande desgraça), com reflexo na política, na economia e na segurança.           Após essa introdução, vamos ao que nos interessa. Entre tantas palavras chaves a serem interpretadas, selecionamos as que mais se repercutem no momento: Destino, Liberdade, Democracia e Sociocracia.   DESTINO:    O Destino é algo indefinido, incontestável, incompreendido e inconsequente. No en

EM QUE MUNDO VIVEMOS? – 207ª COMUNICAÇÃO

Não é novidade se dizer que a Segurança Pública está ameaçada pela organização de quadrilhas de toda espécie de insanos criminosos, que vão da tortura nos crimes hediondos aos multigolpes praticados contra a vida de quem vive do trabalho.   Esse clima de terror e medo não acontece apenas no Rio de Janeiro e São Paulo, prolifera em todos os estados. As penitenciárias vêm se tornando faculdades do crime organizado.  A questão de segurança social não é apenas problema de polícia. Algumas medidas têm de ser concentradas no aperfeiçoamento dos aparelhos repressivos               O sistema penitenciário exige novas concepções para que atendam aos requisitos de segurança e humanização dos sentenciados. Exigir novas concepções que atendam aos requisitos para despertar nos presidiários a valorização de sua individualidade. Nada melhor do que ter a oportunidade de receber o apoio familiar e dos amigos. Para atender a essa exigência é necessário criar um modelo de penitenciária que atenda à neces