“Nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem o oculto que não haja de saber-se.”Mt . 10 : 26
Sempre é bom lembrar de algumas verdades que não podem ser desprezadas. Estamos isolados do mundo e submetidos aos rigores do coronavírus e suas constantes mutações. Quem passa pelo que não, é não altera em nada a transparência dos fatos, mas cria uma falsa expectativa que distorce a realidade.
Atravessamos um período de grandes contrastes - o que era previsto de positivo caiu no ridículo círculo da imprevisibilidade. Não há uma só atividade em que o governo deve atuar que não tenha problemas considerados insolúveis. Para que chegássemos a uma situação de crises que atropelam crises e prorrogam as medidas que deveriam ser tomadas, é só rever atos e fatos que visam desestabilizar o princípio da independência dos Poderes da República. Trata-se de uma pervertida tática do confronto a tudo e a todos que não seguem os delírios de um populismo, em que os antivalores predominam.
O mês de maio de 2021, repleto de trágicos acontecimentos, passa o bastão do tempo ao mês de junho, num momento crítico, em que, pelo que tudo indica, caminhamos em direção a uma ruptura institucional. Mas nem tudo está perdido. O que parece ser negativo vai aos poucos revertendo as consequências do negativismo, desgastado por tantos atos que afetam a nacionalidade e escraviza a população, refletindo na desigualdade social, em uma proporção genocida, em vários estágios de uma sociedade de tantos contrates.
Fatos que comprometem internacionalmente a imagem do País se revezam na sucessão dos dias. Não há como compará-los quanto à intensidade da repercussão, a não ser aqueles que influem nas condições de vida do planeta terra.
Dentre tantos desatinos, está em evidência o que ocorre com a natureza, com a exploração do garimpo em terras indígenas e a devastação da floresta amazônica, com queimadas sem controle e a exportação clandestina de madeira.
Diante de tantos absurdos que se revezam na sucessão dos dias, o País se vê ameaçado de passar por uma crise avassaladora, que pode levar a uma ruptura institucional.
Estamos nos aproximando de um precipício.
No dia 23 de maio de 2021, o Gen. Div. Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, participou, ao lado do presidente Bolsonaro, de um ato político. Este ato é previsto, no Regulamento Disciplinar do Exército (RDE), como transgressão disciplinar; ainda mais, por se tratar de um general da ativa, no desempenho de função de Estado.
O desdobramento de um fato de tanta repercussão pode ser assim resumido. É bom lembrar: o mês de abril iniciou com uma boa notícia. O atual comandante do Exército, Gen. Paulo Sérgio Nogueira e o demitido comandante, Gen. Edson Pujol, em uma reunião com o ex-comandante, Gen. Villas Boas, emitiram a seguinte nota: “antigo, atual e o futuro comandante do Exército de Caxias: laços inquebráveis de respeito, camaradagem e lealdade: Exército Brasileiro: braço forte – mão amiga.”
Desdobramento: o atual Comandante do Exército, Gen. Paulo Sérgio Nogueira, acolheu a defesa do Gen. Pazuello, apresentada por escrito e sustentada oralmente: “Não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do Gen. Pazuello.” (Nota expedida pelo Centro de Comunicação Social do Exército).
Livre de ter praticado ato sujeito a ser enquadrado como transgressão disciplinar, foi nomeado Chefe da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos.
Tal decisão aumenta o desgaste do Exército perante a sofrida população e cria um ambiente de reprovações, críticas e repúdio dos oficiais de alta patente da Forças Armadas, diante de tantos abusos e confrontos.
Esse não é o glorioso Exército do Duque de Caxias. O destino tarda, mas não falha. Nada vem fora do tempo. O momento é de mudar de rumo. Para que isso aconteça, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, estão reservados papéis que marcarão a História Contemporânea.
Obs: a lentidão e prorrogação das oitivas promovem a desordem e podem resultar em trágicas consequências.
Infelizmente, o que presenciamos é uma série de ações e omissões que comprovam a tática utilizada: dividir ainda mais a já dividida população, para mudar o foco dos acontecimentos. As passeatas com potentes motos, com centenas de participantes, confirmam essa pretensão.
As cenas de terrorismo no estado do Amazonas praticadas por milicianos, acrescido do que ocorre na maioria dos estados, com chacinas indescritíveis, trazem um estado de angustia e medo. Este é o Brasil dos contrastes.
Mas o que mais chama a atenção é o que passa nos bastidores da política. As duas extremas ideológicas (direita e esquerda) são igualmente desastrosas e têm o mesmo objetivo: sustentar um populismo que ignora a realidade. O pronunciamento do Ministro da Defesa, General Valter Braga Neto, é uma preciosidade para confirmar o que ocorre no dividido Brasil. Frase pronunciada pelo Ministro durante a inexpressiva comemoração dos 22 anos da criação do Ministério da Defesa, realizada no dia 10 de junho de 2021, no Clube do Exército: “A Defesa e as Forças Armadas estão coesas e disciplinadas na preservação dos mais caros valores nacionais, no propósito de atuarem como vetores de estabilidade institucional para garantir a soberania e a manutenção da paz e da liberdade da população brasileira.”
Os fatos que sucedem a cada dia trazem um clima de angústia e medo.
Oto Ferreira Alvares
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