Pular para o conteúdo principal

Radicalismo: Fermento da Discórdia – 191ª Comunicação

      O preço da liberdade é a eterna vigilância. Para cada marco histórico, envolto em profundas crises, há e houve lideranças para atuarem em diferenciados propósitos. Assim é que Joana D’Arc e Gandhi, dois mártires nacionais, em épocas e circunstâncias diferentes, estão no mesmo patamar de um César ou de um Hitler. O momento histórico é que determina o surgimento de legítimas lideranças, heróis, mártires ou algozes. 

      A nossa história registra figuras exponenciais, que atuaram em épocas de ameaças à liberdade e à unidade nacional. Como exemplo de extremo patriotismo, entre tantos outros vultos, as figuras maiúsculas, que bem definem o que é ser patriota, Tiradentes e Duque de Caxias se sobressaem. Tiradentes, como o precursor da independência, o arquiteto da liberdade; Duque de Caxias, como herói no campo de batalha e como PACIFICADOR de províncias rebeladas. 

      O que vimos até aqui, é a introdução de um período nebuloso e de contradições temerárias. São crises sobre crises, uma sequência de absurdos jamais imaginados.

 Repassemos alguns fatos, citando comunicações deste blog. 

1) Estamos vivenciando atualmente um caos simulado em que prevalecem a mentira, o desprezo aos valores morais e aos direitos humanos (172ª Comunicação). 

2)  A propaganda política antecipada de um chefe de estado é um veneno que atinge a representação popular, fundamento da verdadeira democracia, na sua essência constitucional, hoje totalmente desfigurada (178ª Comunicação).

3) Infelizmente, o que presenciamos é uma série de ações e omissões que comprovam a tática utilizada: dividir ainda mais a já dividida população, para mudar o foco dos acontecimentos. O destino tarda mas não falha. Nada vem fora do tempo. Ao Supremo Tribunal Federal e à Comissão de Inquéritos do Senado (CPI), estão reservados os papéis que marcaram a história contemporânea (189ª Comunicação).

4) As duas extremas ideológicas (esquerda e direita) são igualmente desastrosas e têm o mesmo objetivo: sustentar um populismo que ignora a realidade (179ª Comunicação).

5) Conjugue-se esse estado anômalo com a crise que se arrasta desde o ano de 2008, uma crise sem precedentes, cujos efeitos podem desestruturar a economia global, da qual fazemos parte e dependemos em demasia. A Previdência Social anda esquecida. Se já era insuportável a crescente dívida acumulada nos últimos anos, o que dirá do que se passa com a previdência nesses tumultuados dias (186ª Comunicação).

6) Passado um ano da última Assembleia Geral da ONU, 21 de setembro de 2021, o presidente Bolsonaro volta ao palco da ONU, como representante de um Brasil ofuscado pelo vexaminoso autoritarismo de um contestador de tudo e de todos, com um discurso voltado para o seu público interno. Acontece que as reações vindas do STF, ministros Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e de diversas instituições e proeminentes autoridades interromperam temerárias consequências, que ainda assim persistem. 

7) A Operação Lava-Jato está caindo no esquecimento. O que representa como combate à corrupção, lavagem de dinheiro e tantos crimes lesa-pátria, ressurgirá com o vigor de um Sansão, cujo poder concentrava-se nos cabelos. No caso da Lava-Jato, este poder descomunal está presente na voz do povo. O tempo é o senhor do destino.

     O momento atual é crítico. Muito mais crítico do que deixa transparecer. O que mais preocupa é o confronto de irreconciliáveis pontos de vista de doutrinas ideológicas. A desordem e a anarquia foram definitivamente instaladas. 

    O que se passou na CPI do Senado foi a tentativa de tumultuar o ambiente para desqualificar depoimentos e provas que, a cada dia, ficavam mais robustas. São tentativas tolas de querer denegrir as imagens do que representam o STF e a própria CPI, como instituições que visam dar um basta a um caos provocado. Há de se ressaltar a competência e coragem dos inquisidores e a atuação excepcional da representação das mulheres senadoras. 

     Uma ameaça que não pode ser ignorada: a revista Veja, edição 2752 de 25 de agosto de 2021, trata de uma entrevista com o ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, Raul Jungnann, durante o governo Michel Temer. Nela, relata fatos que dizem respeito ao que se passa no governo do presidente Bolsonaro, com alerta sobre o momento caótico que atravessamos, que pode ser sintetizado com a seguinte frase: “Ele propõe jogar brasileiros contra brasileiros. No limite, isso tem o nome de guerra civil.” Vamos a um fato que bem define o que se passa. “Pela primeira vez os comandantes da Aeronáutica, Marinha e Exército foram demitidos. Eles não se dobraram... O que motivou a demissão? O respeito à Constituição. Ele chamou um comandante militar e perguntou se os Jatos Gripen estavam operacionais. Com a resposta positiva, determinou que sobrevoassem o STF acima da velocidade do som para estourar os vidros do prédio. Bolsonaro mandou fazer isso, tenho um depoimento em relação a isso. Ao confrontá-lo com o absurdo de ações desse tipo, eles foram demitidos.”

    Essa fatalidade macabra descrita se completa com outra entrevista: a revista Veja, edição 2757, de 29 de setembro de 2021, que traz na capa o retrato do presidente Bolsonaro. Refere-se a uma longa entrevista do presidente, e traz como chamamento a seguinte frase: “Vai ter eleição, não vou melar.” Essa frase não corresponde ao que se deduz da leitura da entrevista. Sem comentário! As palavras ocas, que tentam desclassificar o que se passou na CPI após a confirmação da data para apresentar o Relatório Final, são de desespero. Sem uma saída honrosa, as ameaças confirmam as previsões da entrevista do ex-ministro Raul Jungnann. Estamos num beco sem saída.

Obs: No dia 20/10/2021 foi lido, pelo relator, Senador Renan Calheiros, o Relatório, votado no dia 26/10.

      Diante de um quadro em que o imprevisto já era previsto, não há como se prever o que acontece e está para acontecer. Não se leva em consideração a necessidade de se buscar soluções urgentes para que o país saia de um caos provocado, de consequências trágicas, em que a desigualdade e o negacionismo predominam. A CPI do Senado comprovou essa triste realidade. O país está a exigir medidas impeditivas ao prosseguimento de uma sangria sem controle. O momento é de mudar de rumo. Para que isso aconteça, a palavra mágica é planejamento. Lembramos de que os livros Mosaicos da Sociedade Brasileira, acrescidos de livros escritos em outros tempos, destinaram-se ao que acontece na atualidade, conforme várias precognições.

     Encerro esta resenha elucidativa com duas observações: 1) Por interesses mútuos, esquerda e direita estão no mesmo barco, prestes a afundar. 2) O que se passa nas oitivas da CPI do Senado, com direito de o depoente permanecer calado, e até mentir inescrupulosamente, é o reflexo de uma sociedade decadente. A frustrada comemoração do Sete de Setembro, com um mar de gente colorida, é o fim do começo, ou o começo do fim.  “Nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem o oculto que não haja de saber-se”, Mt, 10:26.

 

Atenciosamente, 

Oto Ferreira Alvares.

Comentários

  1. Seus comentários são bastante sóbrios, amigo Oto, mas o caso Maurício nos faz pensar...
    Grande abraço,
    Jorge

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

NATAL

  Esta Poesia, escrita num passado distante refere-se a colheita da degradação dos costumes.           NATAL   Chegou dezembro. O ano se esvazia. Renovam-se esperanças do passado. Paira no ar alegres melodias, Evocando os sonhos sepultados.   Vão-se os dias e o Natal já se aproxima. Festas, luzes, tumulto e correria. Neste ambiente de tão ameno clima, O homem se envolve em fantasia.   O interesse mordaz dissipou a fé; A ostentação, em tudo predomina. O feroz consumismo calou até O ateísmo, que ante ele, se inclina.   Entre o profano, o místico e o sagrado, Ocorrem os festejos natalinos. O homem, por esta tríade guiado,  Volta-se novamente ao paganismo.   A árvore de natal, sofisticada, Acabou com sadia tradição.  Papai Noel, figura importada, Cede seu lugar para outra ilusão.   Lembramos do Natal de antigamente, Onde Jesus Menino, pobrezinho, Venerado com amor, ardentemente, No presépio do lar, com mui carinho.   Saúde e esperança por melhores dias, são os nossos votos para que tenhamo

PALAVRAS CHAVES – 211ª Comunicação

    Há certas palavras que podem ser comparadas a uma chave, pela força de sua expressão, com abrangência de interpretações em variadas situações: a favor ou contra.        Não há efeito sem causa. O que vivenciamos atualmente, com tantas tragédias a desafiar a gestão pública, sobressai a palavra solidariedade, como o bálsamo do amor ao próximo. O mundo passa por uma turbulência de temerosas tragédias, na eminência de se tornar a terra imprópria para a vida humana.           O que se passa no Rio Grande do Sul é mais do que uma tragédia. Trata-se de uma hecatombe (massacre de grande número de pessoas; destruição; uma grande desgraça), com reflexo na política, na economia e na segurança.           Após essa introdução, vamos ao que nos interessa. Entre tantas palavras chaves a serem interpretadas, selecionamos as que mais se repercutem no momento: Destino, Liberdade, Democracia e Sociocracia.   DESTINO:    O Destino é algo indefinido, incontestável, incompreendido e inconsequente. No en

EM QUE MUNDO VIVEMOS? – 207ª COMUNICAÇÃO

Não é novidade se dizer que a Segurança Pública está ameaçada pela organização de quadrilhas de toda espécie de insanos criminosos, que vão da tortura nos crimes hediondos aos multigolpes praticados contra a vida de quem vive do trabalho.   Esse clima de terror e medo não acontece apenas no Rio de Janeiro e São Paulo, prolifera em todos os estados. As penitenciárias vêm se tornando faculdades do crime organizado.  A questão de segurança social não é apenas problema de polícia. Algumas medidas têm de ser concentradas no aperfeiçoamento dos aparelhos repressivos               O sistema penitenciário exige novas concepções para que atendam aos requisitos de segurança e humanização dos sentenciados. Exigir novas concepções que atendam aos requisitos para despertar nos presidiários a valorização de sua individualidade. Nada melhor do que ter a oportunidade de receber o apoio familiar e dos amigos. Para atender a essa exigência é necessário criar um modelo de penitenciária que atenda à neces