Estamos atravessando um período de testes e provações. Apesar de nos encontrarmos envoltos em presságios que ultrapassam em muito os limites da racionalidade, continuamos na surrada e odiosa prática de desafiar a realidade. Com artifícios ridículos ignora-se o princípio de sobrevivência no Planeta Terra, arrasado pelos absurdos que podem torná-lo inabitável. O ser humano é dotado da consciência ativa, por isso, cumpre-lhe resguardar as fontes da natureza passiva. Se com a inteligência não percebe isso, é castigado pela sua omissão.
Há um vazio de credibilidade nestes dias conturbados. A violência de mãos dadas com a miséria, e a falsidade de propósitos políticos são venenos que criam um ambiente de caos planejado. A corrupção vem à tona como um vômito de vulcão. Os bons se retraem e os maus avançam sempre. Tudo parece perdido, mas há sempre um fio de esperança. Novos horizontes são avistados.
O momento é desarmar os espíritos e colocar os interesses nacionais acima das paixões. A hora é de voltar-se para o aspecto humano da sociedade, cada vez mais desorganizada e perdida na degradação a que foi conduzida. Os contrates, regionais e sociais, fortalecem o paternalismo estatal. Acontece que esse paternalismo não passa de uma maneira de propiciar vantagens indevidas, eleitoreiras, aos aproveitadores da condição de miserabilidade. Trata-se de uma fatalidade macabra, que leva ao acomodamento, à ociosidade e à revolta velada, madrastas de tantos males. Estamos diante dos efeitos de uma democracia que não mais se sustenta. Choques de opinião dentro da equipe que deveria estar de acordo com o presidente da República são provas evidentes de que os ministros passam a ser figuras decorativas. A tática é permanecer como sempre foi: manda quem pode, obedece quem precisa. Sinal de que o autoritarismo desgoverna o país. O passar pelo que não é está perdendo a força, por isso o amanhã é tão incerto.
Como nos referimos anteriormente, o paternalismo estatal é um entrave ao combate ao estado de pobreza. Mas nem tudo está perdido. Há sempre uma esperança. Faço essa observação para apresentar uma solução, entre tantas outras que se encontram no segundo volume dos livros “Mosaicos da Sociedade Brasileira”. Uma solução que resolva em definitivo, independente do paternalismo estatal, o problema da pobreza crônica. Trata-se da criação do SAIS (Serviço de Assistência e Integração Social), uma instituição pública – beneficente. No final do “Mosaicos” há um modelo de estatuto para a criação do SAIS, pois há vários tipos de SAIS. Trata-se de uma complementação às medidas cautelares relativas aos infindáveis problemas de nossa sociedade: políticos, econômicos, ideológicos, sociais e de segurança e saúde públicas.
O momento é de mudar de rumo.
Natal, ano que se despede e ano que se inicia
Três datas que dão muito o que pensar! Repassemos o que acontece nesse tumultuado momento histórico.
Quando parece que estamos voltando à normalidade, o coronavírus volta ao palco das preocupações, com nova e ameaçadora transmutação, o Ômicron, causando pânico e desesperança.
O que presenciamos nesses dias é a busca de amenidades que tentam ludibriar o medo e a incerteza do que pode acontecer e está acontecendo. O futebol tem sido a principal diversão que faz das torcidas, movidas pelo fanatismo, um meio de ocupar as nossas mentes, infestadas de más notícias. O imprevisto já era previsto e o previsto resulta numa luta entre política e justiça.
O assunto preponderante no momento é a propaganda eleitoral para presidente e vice-presidente da República. Num ambiente de propaganda eleitoral antecipada, fala-se na criação de uma terceira via. Casualmente, entre tantos políticos ilustres, surgem os nomes de Simone Tebet (MDB - MS) e Sérgio Moro (Podemos - DF), ambos em atuações diferenciadas no trato aos interesses nacionais. A candidata Simone Tebet, no seu vasto currículo, no que se refere à política, acrescido de sua atuação na CPI do Senado, é mais um obstáculo às pretensões do presidente Bolsonaro de reeleger-se. Para o ex-juiz Sérgio Moro, é a oportunidade de defender-se de ofensas à sua honra e reiterar, com provas irrefutáveis, as acusações dos fatos lesa-pátria praticados pelo então presidente Lula. O tempo é o senhor do destino.
Aproveito do recesso do Natal e Ano Novo, para refletir sobre o momento de tantas dúvidas e incertezas. É uma maneira de fixar o presente, próprio para renovar esperança de melhores dias. O ano velho, já agonizando, lamenta não poder repetir o que faz parte da tradição: Feliz Ano Novo! E os motivos são muitos: aos já vistos anteriormente, sem soluções que o tempo exige, acrescentem-se outros que tumultuaram ainda mais o que já era desesperança e medo. São crises sobre crises que abalam as frágeis estruturas do estado democrático de direito e acenam para uma ruptura institucional.
São novas crises provocadas pelos membros dos poderes da República. Duas tornam irreversíveis os efeitos da calamidade pública já instalada: 1) a concessão, pelo presidente Bolsonaro, de aumento às polícias federais, provocando o descontentamento de outras categorias de servidores, que também cobram reajustes salariais, com ameaças de paralisações. Mais de 500 auditores pediram desligamento de funções. 2) a outra crise refere-se a aprovação, pelo Congresso Nacional, do orçamento para 2022. Contrariando a condição de recessão técnica do Brasil, destinaram aproximadamente 6 bilhões de reais para financiamento das campanhas e custeio das agremiações, uma decisão desproporcional, com um aumento de 92,5% em relação ao ano de 2018. Os partidos que votaram contra criticaram a destinação bilionária do dinheiro público, chegando a uma trágica conclusão: “Estão, mais uma vez, condenando milhões de brasileiros à pobreza e à miséria.”
Obs: os dados citados foram transcritos do jornal Correio Braziliense, de 23 de novembro de 2021.
Uma lembrança: os livros Mosaicos da Sociedade Brasileira foram escritos para dar um rumo ao país. Ignorar o óbvio é promover o fracasso.
Vivamos o presente voltados para o futuro, mas com os pés no passado.
Saúde e paz de espírito são os nossos sinceros votos.
Atenciosamente,
Oto Ferreira Alvares
Excelentes ponderações Sr. Oto. É preciso que se pense em um projeto de Estado, de Nação. Mas vemos apenas projetos de perpetuação de poder na base das barganhas.
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