Estamos passando por um período nebuloso, e ameaçados por constantes ondas de revide da natureza, que se vê solapada tanto na terra quanto no mar. Os reflexos são sentidos no ar, fonte da vida, com temperaturas elevadas, umidade abaixo do normal, tempestades avassaladoras e tantas outras tragédias que influem nas condições mínimas de sobrevivência. O ser humano vem perdendo a noção de seu maior tesouro, que é a sua individualidade, devido a tantas tragédias que engolem vidas e levam famílias ao desespero, ao se verem despojadas de bens que sustentam as condições mínimas de sobrevivência.
Diante de tantas tragédias, mundiais ou regionais, o momento exige o reencontro da individualidade consigo mesmo, que vive nas trevas dos confrontos, veneno que mata a alegria de viver. Dessa realidade macabra surgem os movimentos mundiais e regionais que se destinam a despertar e enfrentar o que de pior pode acontecer. Comentemos sobre um desses movimentos que marcará a história da humanidade.
Na Jornada Mundial da Juventude, realizada em Portugal, nos cinco dias iniciais do mês de agosto de 2023, o Papa Francisco, como sempre, fez um discurso positivo e de esperança, destinado ao país que recebeu, de braços abertos, o evento. É de se salientar que Portugal atravessa um período delicado, mergulhado na inflação e no desemprego. Pessoas de outras nacionalidades, que procuraram nosso país irmão para viver, sofrem perseguições por serem consideradas culpadas pelo desemprego.
Mas tudo nessa vida tem início, meio e fim. A Jornada da Juventude foi uma oportunidade para que o Papa Francisco levasse a esperança de melhores dias, não apenas para Portugal, mas para o mundo, que se encontra nas trevas dos confrontos.
Outro movimento que merece ser lembrado é a cúpula da Amazônia, realizada nos dias 08 e 09 de agosto de 2023, em Belém do Pará, com o encontro dos oito países que abrigam a floresta amazônica, a qual sempre sofreu com a criminosa prática de um desmatamento hediondo.
O cacique Raoni, líder dos povos originários, destacando a importância das reinvindicações, no Encontro dos Diálogos Amazônicos, assim se posicionou: “O momento é de união e defesa do nosso meio ambiente: as águas e a floresta.” Ainda que esse evento não tenha correspondido ao que dele se esperava, não deixa de ser um alerta para os países comprometidos com as florestas nativas e com as condições do ar e das águas, fontes de vida.
Muito teria a comentar não fosse repetir, desnecessariamente, o que até o momento venho acompanhando nas pegadas do tempo: tanto as seguidas tragédias que acontecem nos Estados, quanto os acontecimentos que dignificam a vida, como exemplos que transcendem a normalidade da rotina.
O que se passa no mundo, como tragédias coletivas, é o inferno das tormentas desumanas: a migração provocada pela miséria ou para fugir de bárbaras perseguições.
Dia após dia são anunciados naufrágios com incontáveis mortes. Os oceanos tornaram-se cemitérios dos desesperançados.
O que se passa de temeridade na sociedade brasileira é algo para abalar até o inconsciente de uma população, que se sente perdida no próprio ambiente de seu compromisso para com a vida.
Retornemos ao título deste artigo, Dúvidas Existenciais. O Brasil encontra-se dividido e sofre consequências drásticas dessa divisão: violência, desemprego, miséria e medo do futuro.
As Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs), especiais e mistas, estão comprovando o que já era de conhecimento público, mas apenas considerados indícios. No entanto, o que mais preocupa são os extremos ideológicos, esquerda e ultradireita, que travam uma luta inglória pela disputa eleitoral e pela ganância do dinheiro público, provocando divisões regionais.
A população está insegura e ameaçada por “multigolpes”, que levam a condutas incontroláveis. As constantes chacinas, e ameaças de assassinato de autoridades dos poderes da República, complementam o ambiente de incerteza que nos reserva o futuro.
O ódio e a vingança são o veneno que mais transparece nas oitivas das CPIs, especiais ou mista. Convence quem sabe ocultar os seus próprios defeitos. São nódoas no tecido social.
É nesse ambiente de instabilidade, política e social, que acontece a reunião do BRICS. No dia 22 de agosto de 2023 deu-se a abertura do encontro dos representantes dos países que compõem o BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O evento foi realizado em Joanesburgo, África do Sul, num ambiente envolvendo as principais potências bélica do planeta terra, cada uma com seus interesses, explícitos ou ocultos, carregados de perigosos e ameaçadores confrontos.
O que mais chamou a atenção foi a inclusão de mais seis países para integrar o BRICS original: Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
O momento é de se buscar a convergência de interesses que tragam harmonia e paz: é evitar atritos que podem levar a uma hecatombe de proporções impensadas.
Só o destino, senhor do tempo, tem o poder de previsão do que acontecerá num futuro de tantas dúvidas e incertezas.
Atenciosamente,
Oto Ferreira Alvares
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