Fatos vivenciados, comprometidos com uma vida transcendental, não submissa ao acaso, mas a uma predestinação, determinaram o caminho que eu deveria percorrer: escrever livros destinados a um tempo incerto quanto a datas, mas explícitos quanto aos acontecimentos. Trata-se de livros que se destinariam a dar rumo ao país, numa época de transformação inacessível ao entendimento racional. O que hoje vivenciamos confirma que está no passado o plantio do que hoje se colhe.
A
iniciativa e a vontade predispõem a esperança.
E
com essa disposição, em tempo exíguo, escrevi a coletânea de três livros, Mosaicos
da Sociedade Brasileira: o primeiro refere-se a problemas
institucionais e sugestões; o segundo, a problemas sociais e sugestões; e o
terceiro volume, Sociocracia e Sociocratismo, é um livro doutrinário, no
sentido de agregar uma infinidade de assuntos, com o objetivo de dar rumo ao
país.
O
tempo passou, os costumes mudaram e as crises se intensificaram além do
contexto racional. De uma coisa se tem certeza: as soluções não desejadas
crescem natural e robustamente. Tudo é
questão de oportunidade na determinação, precisa ou imprecisa, no correr dos
acontecimentos. O ódio e a vingança
estão presentes nas disputas eleitoreiras, com reflexo nas atividades dos
poderes da República, e nas disputas por interesses de classes, contaminadas
pelos extremos ideológicos ou pessoais.
A
liberdade é a sublime virtude do ser humano de externar a sua vontade, a não
ser que o direito ou a moral proíbam ou restrinjam os seus desejos. A liberdade
sem os seus limites impostos pelo direito e a moral conduz as sociedades à
autodestruição.
Muito
se fala em Estado Democrático de Direito. Lembremos que a prática deturpada da
democracia pode ser liberticida; ao invés de uma representação do povo, pode
levar a uma representação antipovo, voltada para os interesses do estado, e não
da nação. O momento está a exigir um aperfeiçoamento que traga harmonia aos
poderes da República, que vivem em contestações que contrariam a independência
e a harmonia. Assim, a democracia deve armar-se de dispositivos cautelares,
necessários a resguardar e aprimorar os seus princípios básicos, pois jamais
será uma instituição realizada.
A
democracia é um meio e não um fim, cujos princípios básicos, liberdade e representação
política, carecem de aperfeiçoamento continuado. Daí, surgiu a necessidade de
aprimorá-la: Sociocracia, do latim Socius – Social, Sociedade, e
do grego Krateim – Governo: Governo da Sociedade.
A
representatividade política e a liberdade, duas conquistas sociais, vêm sendo
distorcidas e minadas nas suas interpretações, desvirtuando a sua prática,
conduzindo à debilidade o regime e o sistema político, ferindo mortalmente as
suas bases de sustentação. Sob esse ponto de vista, a Sociocracia seria
como se fosse um tratamento correcional aos desvios estruturais da democracia.
Princípios
Básicos da Sociocracia:
1) Princípio da representação das sociedades
regionalmente consideradas;
2) Princípio da interdependência dos poderes da
República;
3) Princípio da liberdade limitada ao interesse
social;
4) Princípio da parcimoneidade e legitimidade da
lei;
5) Princípio da parcimoneidade dos tributos;
6) Princípio da prevalência do direito social sobre
o direito particular;
7) Princípio da soberania plena.
Nota: A Sociocracia é
vista no Volume III do livro Mosaicos da Sociedade Brasileira, a
partir da página 35.
As
propostas para a criação têm de ser vistas com o propósito de aperfeiçoar, e
não desqualificar, o que vem dando certo. Trata-se de propostas destinadas ao
aperfeiçoamento e correções de fragilidade gritantes.
O
que hoje vivenciamos, imersos numa realidade que varia entre a euforia de um
otimismo de pouca convicção e expectativas pessimistas quanto ao que pode
acontecer e o que está acontecendo, vem confirmar o que está no passado, com
tantas tentativas de exterminar definitivamente a frágil democracia. Passado o
tempo de experiências temerárias e desumanas, volta-se ao que sempre foi: é o
plantio do que hoje se colhe.
No
dia 08 de janeiro de 2024, comemorou-se o primeiro ano dos acontecimentos de
tentativas de golpe, com a sugestiva frase: Democracia Inabalada.
Os
bárbaros mentores e executores da trágica aventura estão presenciando o gosto
da amarga traição.
"O
momento é de voltar-se para a sábia frase: “o preço da liberdade é a eterna
vigilância.”
O estado de ameaça que pode
implodir o planeta Terra confirma, ou faz lembrar, o que dizem os evangelistas,
visto no artigo 205, nos sermões proféticos.
“E ouvireis de guerras e de
rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo
aconteça, mas ainda não é o fim. “(Mt. 24:6) “
“Porque se levantará nação
contra nação, e reino contra reino, e haverá terremotos em diversos lugares, e
haverá fomes. Isto será o princípio de dores.” (Mc.13:8).
Que cada um faça a sua parte: “Se
não puder fazer tudo, faça tudo o que puder.”(Nelson Virgílio de Carvalho).
Oto Ferreira Alvares
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