O título deste artigo refere-se a um capítulo do livro Memória Mística, Divagações Filosóficas.
A iniciativa e a vontade predispõem a Esperança.
É hoje?
O hoje é meramente um marco na contagem do tempo. Os fatos relevantes fixam-se na consciência social e os triviais se diluem no próprio tempo. Fixemo-nos, aqui, aos fatos excepcionais, capazes de mudar o rumo da História. A intensidade dos eventos-causas determina como serão os eventos-efeitos. Tudo é questão de oportunidade na determinação, precisa ou imprecisa, do desempenho dos acontecimentos.
A imprecisão dos fatos indica também a insegurança dos meios utilizados para as devidas correções. Consumado o imprevisto, dilui-se o planejado. Nestes casos instala-se o arbítrio — nem que seja provisório — ou degenera-se em anarquia. O combate sistemático ao anacronismo de fatos degenerativos da vida social exige sacrifícios, (in)justiças e acomodamento ao tempo. Urgem-se soluções. E nestas condições, fora de um contexto racional e até mesmo ilógico, essas soluções não desejadas medram natural e robustamente. E são desencadeadas por pessoas que transformam radicalmente os seus comportamentos. Ninguém aparece fora de seu tempo. Surgem então lideranças forjadas em outros ambientes e preparadas para atuarem em momentos de crises. Equilibram-se o bem e o mal e o processo evolutivo instala-se. Mais uma vez as aberrações vêm à tona: multigolpes, genocídio, fome, peste e toda espécie de extermínio e sofrimento.
E como isso se deu? E como isso se fez?
À História cabe apenas a narrativa dos fatos, dentro de um prisma meramente formal e sintetizado. Às futuras gerações caberá analisá-los à luz da razão de novos conhecimentos, que só hão de chegar no seu devido tempo. Até lá, contentemo-nos em ser espectadores e expectadores.
De uma coisa se tem certeza: não se sabe o dia do amanhã, baseando-se unicamente no que se passa no dia de hoje. O hoje é emotivo. O amanhã é tempestivo. Vivemos de um dia para outro o contraditório. Se tudo está de acordo com as previsões, o controle pela personalidade é absoluto. Caso contrário, quando o que se passa não se prende à harmonia do tempo, produz-se o efeito de um resultado não imaginado. E é aí que sucumbe a racionalidade.
Se julgas capaz de projetares o futuro baseando-se no presente, não abandones o passado, pois é na conjugação dos tempos que se forjam os limites do espaço.
Vivemos um período de transição profunda, em todas as atividades humanas, e seria até mesmo ilógico se essas transformações não se fizessem intensamente e com transparência, no mundo material, sobretudo nas atividades organizacionais das sociedades, ligadas à política e à economia. Basta ver o que acontece, diariamente, nestes campos.
Os planos se sobrepõem e nesta sobreposição o homem, diminuto e mesquinho, só pode vislumbrar a sua própria sombra. Sabe que existe a luz, mas não consegue vislumbrá-la. Ouve os sons, mas não sabe de onde vêm. E aí só lhe resta uma saída: a fértil imaginação.
A fraternidade universal é ilimitada e exige a humildade do diálogo e da mútua interpretação.
E aqui retomamos novamente a prevalência de nossas imperfeições. Os tempos ainda não são chegados.
A solidariedade só é alcançada nos infortúnios. O que nos reserva o futuro não será jamais antecipado. A caminhada é obrigatória. Os atalhos são perigosos e inviáveis. A espera, às vezes enervante, é um teste para provar o grau de amadurecimento. Tudo vem em seu tempo certo: vigilância, autocrítica, ponderação e vontade, são palavras essenciais para alcançar a esperança por melhores dias. Volto a lembrar: o estado de ameaça que pode implodir o planeta Terra confirma, ou faz lembrar, o que dizem os evangelistas, visto no artigo 205, nos sermões proféticos.
“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. “(Mt. 24:6)
“Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isto será o princípio de dores.” (Mc.13:8).
A força do destino independe da prática da vontade.
Atenciosamente,
Oto Ferreira Alvares
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