Pular para o conteúdo principal

REPASSANDO O PASSADO – 209ª Comunicação

                 O título deste artigo refere-se a um capítulo do livro Memória Mística, Divagações Filosóficas. 

 

 A iniciativa e a vontade predispõem a Esperança.

 

  É hoje?

  O hoje é meramente um marco na contagem do tempo. Os fatos relevantes fixam-se na consciência social e os triviais se diluem no próprio tempo. Fixemo-nos, aqui, aos fatos excepcionais, capazes de mudar o rumo da História.  A intensidade dos eventos-causas determina como serão os eventos-efeitos. Tudo é questão de oportunidade na determinação, precisa ou imprecisa, do desempenho dos acontecimentos.

 

   A imprecisão dos fatos indica também a insegurança dos meios utilizados para as devidas correções. Consumado o imprevisto, dilui-se o planejado.  Nestes casos instala-se o arbítrio — nem que seja provisório — ou degenera-se em anarquia. O combate sistemático ao anacronismo de fatos degenerativos da vida social exige sacrifícios, (in)justiças e acomodamento ao tempo. Urgem-se soluções. E nestas condições, fora de um contexto racional e até mesmo ilógico, essas soluções não desejadas medram natural e robustamente.  E são desencadeadas por pessoas que transformam radicalmente os seus comportamentos. Ninguém aparece fora de seu tempo. Surgem então lideranças forjadas em outros ambientes e preparadas para atuarem em momentos de crises. Equilibram-se o bem e o mal e o processo evolutivo instala-se. Mais uma vez as aberrações vêm à tona: multigolpes, genocídio, fome, peste e toda espécie de extermínio e sofrimento.

 

         E como isso se deu? E como isso se fez?

 

     À História cabe apenas a narrativa dos fatos, dentro de um prisma meramente formal e sintetizado. Às futuras gerações caberá analisá-los à luz da razão de novos conhecimentos, que só hão de chegar no seu devido tempo.  Até lá, contentemo-nos em ser espectadores e expectadores.

 

          De uma coisa se tem certeza: não se sabe o dia do amanhã, baseando-se unicamente no que se passa no dia de hoje. O hoje é emotivo. O amanhã é tempestivo. Vivemos de um dia para outro o contraditório. Se tudo está de acordo com as previsões, o controle pela personalidade é absoluto. Caso contrário, quando o que se passa não se prende à harmonia do tempo, produz-se o efeito de um resultado não imaginado. E é aí que sucumbe a racionalidade.

 

  Se julgas capaz de projetares o futuro baseando-se no presente, não abandones o passado, pois é na conjugação dos tempos que se forjam os limites do espaço.

 

  Vivemos um período de transição profunda, em todas as atividades humanas, e seria até mesmo ilógico se essas transformações não se fizessem intensamente e com transparência, no mundo material, sobretudo nas atividades organizacionais das sociedades, ligadas à política e à economia. Basta ver o que acontece, diariamente, nestes campos. 

 

  Os planos se sobrepõem e nesta sobreposição o homem, diminuto e mesquinho, só pode vislumbrar a sua própria sombra.  Sabe que existe a luz, mas não consegue vislumbrá-la.  Ouve os sons, mas não sabe de onde vêm. E aí só lhe resta uma saída: a fértil imaginação.

 

  A fraternidade universal é ilimitada e exige a humildade do diálogo e da mútua interpretação.

 

  E aqui retomamos novamente a prevalência de nossas imperfeições. Os tempos ainda não são chegados.

 

   A solidariedade só é alcançada nos infortúnios. O que nos reserva o futuro não será jamais antecipado. A caminhada é obrigatória. Os atalhos são perigosos e inviáveis. A espera, às vezes enervante, é um teste para provar o grau de amadurecimento. Tudo vem em seu tempo certo: vigilância, autocrítica, ponderação e vontade, são palavras essenciais para alcançar a esperança por melhores dias. Volto a lembrar: o estado de ameaça que pode implodir o planeta Terra confirma, ou faz lembrar, o que dizem os evangelistas, visto no artigo 205, nos sermões proféticos. 

 

“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. “(Mt. 24:6) 

 

“Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isto será o princípio de dores.” (Mc.13:8).

 

  A força do destino independe da prática da vontade.

 

    Atenciosamente, 


    Oto Ferreira Alvares

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NATAL

  Esta Poesia, escrita num passado distante refere-se a colheita da degradação dos costumes.           NATAL   Chegou dezembro. O ano se esvazia. Renovam-se esperanças do passado. Paira no ar alegres melodias, Evocando os sonhos sepultados.   Vão-se os dias e o Natal já se aproxima. Festas, luzes, tumulto e correria. Neste ambiente de tão ameno clima, O homem se envolve em fantasia.   O interesse mordaz dissipou a fé; A ostentação, em tudo predomina. O feroz consumismo calou até O ateísmo, que ante ele, se inclina.   Entre o profano, o místico e o sagrado, Ocorrem os festejos natalinos. O homem, por esta tríade guiado,  Volta-se novamente ao paganismo.   A árvore de natal, sofisticada, Acabou com sadia tradição.  Papai Noel, figura importada, Cede seu lugar para outra ilusão.   Lembramos do Natal de antigamente, Onde Jesus Menino, pobrezinho, Venerado com amor, ardentemente, No presépio do lar, com mui carinho.  ...

PALAVRAS CHAVES – 211ª Comunicação

    Há certas palavras que podem ser comparadas a uma chave, pela força de sua expressão, com abrangência de interpretações em variadas situações: a favor ou contra.        Não há efeito sem causa. O que vivenciamos atualmente, com tantas tragédias a desafiar a gestão pública, sobressai a palavra solidariedade, como o bálsamo do amor ao próximo. O mundo passa por uma turbulência de temerosas tragédias, na eminência de se tornar a terra imprópria para a vida humana.           O que se passa no Rio Grande do Sul é mais do que uma tragédia. Trata-se de uma hecatombe (massacre de grande número de pessoas; destruição; uma grande desgraça), com reflexo na política, na economia e na segurança.           Após essa introdução, vamos ao que nos interessa. Entre tantas palavras chaves a serem interpretadas, selecionamos as que mais se repercutem no momento: Destino, Liberdade, Democracia e Sociocracia.   DEST...

REPASSANDO O PASSADO 2 – 210ª Comunicação

             Este artigo dá continuidade às divagações filosóficas do artigo anterior. O roteiro não é o mesmo.            “As multidões não têm uma vontade coletiva definida. Agem emocionalmente e por interesses imediatistas. Não podem ser consultadas sobre leis ou costumes que devem regê-las. As pessoas que recebem a luz é que devem zelar pelo interesse coletivo. Devem saber ouvir e selecionar as necessidades e interesses das multidões e fazer modificá-los quando representam o equilíbrio de uma vontade coletiva que, por sua vez, representa o resultado de vontades individuais. Mas as massas não devem ser consultadas sob o pretexto de compartilhar responsabilidade. Somente quem recebe a luz sabe o momento exato de mudar os comportamentos sociais. Nenhuma pessoa terá condições de modificar o destino. Nenhum acontecimento preparado será obstáculo para a realização do previsto. O que é, é e será. Esta...