72ª
Comunicação
Estamos vivenciando o segundo turno das eleições do
Executivo, federal e estadual. As crises se acentuam e entramos no delicado
período da tão temida desestabilização da estrutura constitucional, um
pré-requisito para golpes de estado, revoluções e guerra civil. O ano de 2014
ficará marcado na história contemporânea como o ano da autocrítica nacional.
Durante anos a fio falou-se muito em reforma e transparência e só se viu
remendo e enganação. Aos poucos fomos conduzidos a uma encruzilhada do
desespero. O nosso adorado Brasil, um país continental e abençoado por Deus,
detentor de riquezas naturais incomensuráveis, cantadas por poetas e escritores
famosos, está aí a pedir por socorro.
Assim, lenta e progressivamente, chegamos onde
estamos. Uma semana antes das eleições
do primeiro turno, alguns estados voltaram a repetir o vandalismo de outras
ocasiões, com enfrentamento à força pública, queima de ônibus e depredações do
patrimônio público e privado. Estão se generalizando as crises do terrorismo
comandado de dentro das penitenciárias, sobressaindo os estados do Rio de
Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Maranhão e outros, embora com menor
intensidade.
Comparativamente, isto também aconteceu nas disputas
eleitorais: Os ataques proferidos pelos candidatos, em todos os escalões,
durante a campanha eleitoral do primeiro turno e agora se repetindo com mais
intensidade no segundo, ofuscaram ou minimizaram as propostas para
enfrentamento aos vários setores institucionais que apresentam uma decaída
temerosa, sobretudo da economia, segurança pública, indústria e comércio. Este
estado de anomia se reflete diretamente e de maneira desastrosa na estabilidade
do sistema financeiro, com amargas consequências no consumo e no emprego. Enquanto isso toma corpo, se acentua a
divisão da sociedade em cistos sociais, criados e alimentados pela volúpia
ideológica: as cotas e outras exceções são exemplos típicos para implantar a
República das castas sociais, entre elite e povo, ou “povão”, empregados e
patrões, num ambiente em que a força dos sindicatos entra em choque aberto com
as administrações constituídas. Não seria
isso um modo de preparar
o terreno para um utópico governo do proletariado?
O que presenciamos durante o período de campanha
eleitoral gratuita até às vésperas das eleições do primeiro turno, nos dá muito
o que pensar. Para o Legislativo, assistimos o desfile de candidatos sonhadores,
com promessas desprovidas de fundamentos compatíveis com a realidade, com
argumentos na medida certa de quem pretende representar um povo desiludido e
incapaz de distinguir o certo do errado; de candidatos destituídos das
condições morais, em que fica clara a irresponsabilidade e despreparo para o
exercício de uma função pública de tamanha importância; dos candidatos
“papagaios”, repetidores de palavras que julgam agradar a vontade popular; dos
candidatos profissionais, exibicionistas e vaidosos, sempre dispostos a
prometer o que sabem não poder cumprir, mas que criam expectativas de soluções
de problemas cruciais. Reunindo essas impropriedades estão aqueles que pregam
ideologias revolucionárias, de um mundo da igualdade e proporcionalidade da
hipotética distribuição de rendas, enfim, da demagogia do poder exercido pelo
proletariado, uma espécie de trabalhador sem vocação para o trabalho. Como
artifício simulador de uma falsidade de propósitos, utilizam citações que
possam influir no emocional das pessoas, como condições de dividir opiniões e
impor o que pretendem: a permanência no poder. Baixaria e acusações infundadas
com a nítida intenção de denegrir a imagem do opositor são comuns nessas
ocasiões. Estes métodos torpes são próprios daqueles que não têm argumentos e
não conseguem manter diálogos civilizados. Os seus arrazoados caem na vala
comum de quem só enxerga defeitos nos outros e se esquecem dos seus.
Com estes arrazoados podemos afirmar que a atividade
política chegou a um descrédito que não mais representa a aspiração de um povo
desiludido e incrédulo em vãs promessas, mal informado e sem objetivo, mas
propenso a levar vantagem em tudo, ignorando o bem comum. Assim foi fácil
distorcer os fatos, falsear a história com comparações inverídicas e utilizar-se
da astúcia maldosa para desmoralizar o oponente, tido como inimigo dos menos
afortunados. Mas acontece que os tempos mudaram e a realidade já não é a mesma
de tempos atrás. Os fatos escabrosos de corrupção e desvio de verbas para fins
de abastecer os cofres de partidos políticos e de falsas lideranças que
intencionam ressuscitar ideologia que se esgotou por incapacidade de continuar,
com a dissolução da União Soviética em 1991, agora se apresentam com outra
roupagem: um “comunismo democrático”, modelo Cuba e Venezuela e outros países
da América Latina. Isso cria um clima de medo, terror e incerteza. Mas o que
espanta são os fatos que vieram e estão vindo à tona, numa enxurrada de
informações que nos colocam em situação delicada perante outras nações. É bom
salientar que o mundo também está envolto num ambiente de guerra, terrorismo,
peste, distúrbios econômicos e a fatalidade da impotência para impedir uma
catástrofe não imaginada.
Tenho acompanhado através deste Blog alguns dos
acontecimentos que denotam um estado crítico e deplorável das instituições. A
propaganda eleitoral os eclipsou temporariamente. Na política e no futebol a
certeza do resultado só se conhece após a realização dos eventos. A “zebra” é o
animal simbólico que contraria a lógica e faz calar a euforia do “já ganhou”.
Assim foi o que ocorreu no primeiro turno das eleições de 2014. As urnas não
mentem — embora estejam sujeitas a fraudes—, simplesmente confirmam tendências
e refletem opiniões. Na maioria das vezes revelam surpresas, expectativas e
decepções. É pena que o voto não expresse o interesse social, mas as vantagens
a serem conservadas ou conquistadas. Assim se sobressai a cultura do voto
obsequioso, do voto cabresto, do voto que retribui o paternalismo estatal,
impregnados das impurezas ideológicas.
O nosso povo, genericamente considerado, pelo que
indica o pêndulo da esperança, cansou de ser enganado por promessas não
cumpridas ou por medidas arbitrárias, que tolhem a liberdade de expressão. É o
que se deduz dos resultados do primeiro turno. O próximo passo será confirmar
tal tendência ou prosseguir rumo a um futuro nada promissor. Aqui é que reside
o perigo: em ambos os casos teremos pela frente perspectivas nada
confortadoras. O choque entre ideologias que dividem opiniões é quase certo. A
vingança ideológica nutrida pelo ódio, não admite interromper a luta para
consolidar absurdas conquistas alcançadas e objetivos em andamento.
Oto,
ResponderExcluirRealmente, é lamentável que os candidatos se preocupem apenas em atacar os defeitos dos concorrentes e se esquecem de apresentar suas propostas.
Lamentável, também, quando observamos que no segundo turno, alguns candidatos procuram fazer alianças com aqueles que os ofenderam ou foram motivos de ofensas, até mesmo pessoais.
O que importa é iludir os eleitores e conseguir seus votos.
Pelo menos, aqui em Brasília, estamos livres do PT.
Espero que o mesmo aconteça no governo federal.
Abs.
Gabriel
Muito bom o texto, S. Oto! Claro, objetivo e convincente! Parabéns! Desta vez concordamos em tudo! Abraços, Monica
ResponderExcluir