79ª
Comunicação
Nota: Este artigo será intercalado de alguns tópicos
transcritos do livro “O Real e o Místico
no Cadinho da Vida – Volume II”.
Aproveito desse interregno dedicado aos festejos
natalinos, despedida do ano velho e entrada do ano novo (réveillon), para
refletir sobre o momento atual. Vale mais como uma maneira de se fixar o
presente, que amanhã será o passado, de fatos que nos atormentam ou nos atormentaram,
pois nesta vida tudo passa: os bons e os maus momentos. O ano que se despede sempre
sugere que façamos um balanço de nossas vidas e daquilo que presenciamos. É uma
prática salutar para se renovar esperanças. Aproveitando deste benfazejo
momento festivo, vamos abrir um parêntese, pois é tempo de recesso. Recesso
para refletir.
Antes de tudo lembremo-nos de que a terra tornou-se
pequena para ambição do homem. As estratégias envolvendo confrontos entre
civilizações estão a exigir das nações um relacionamento mais fraterno, sob o
risco de uma catástrofe apocalíptica. O terrorismo islâmico continua cometendo
barbaridades apavorantes, sob a bandeira de um fanatismo inefável; o racismo
volta a preocupar; a febre ebola ameaça se disseminar pelo mundo, rompendo fronteiras; a
miséria ainda é motivo de mortes em massa, contrapondo-se a um excessivo
consumismo; os atritos ideológicos persistem e tomam novas posturas. Enquanto
isso, procedemos como condenados à morte, aguardando por um milagre que nos
livre de caveirosos acontecimentos que macularam a nossa história. Não os
denominarei, por serem motivos de surpreendentes fatos que se revezam dia após
dia. Assim, as festividades natalinas e os festejos próprios da época,
infelizmente, têm mais para lamentar do que para comemorar. Mas o momento é de festividade e
não de lamúrias. Por isso, e não pela realidade que presenciamos, sejam as
nossas primeiras palavras de otimismo, traduzidas na esperança de que para o
próximo ano tenhamos mais o que comemorar do que a lamentar: Feliz Natal!
O ano velho, já
agonizando, dará as boas-vindas ao seu sucessor, que desponta no contar dos
tempos, calendário inflexível, com promessas sempre repetidas em todos os
tempos: Feliz Ano Novo! É uma maneira de se expressar uma esperança, a
cada ano adiada para o ano seguinte, quando o atual ano novo, já como ano
velho, também se despedirá. O dia é de esperança de melhores dias, e isso,
segundo as necessidades de cada um de nós, portanto, deve ser visto como um
momento único, numa abrangência de individualidades que sempre têm o que pedir,
pois uma das características do ser humano é a insaciabilidade.
O ano que se inicia, também, é dia de posse dos
eleitos, em todo território nacional, o que se repete de quatro em quatro anos.
Que a esperança de novos dias se traduza na concretização das boas intenções
proclamadas durante os embates eleitorais. Que os políticos estejam dispostos a
se dedicarem por inteiro ao povo que os elegeram, com a responsabilidade de
aplicarem as suas capacidades e vontade de acertar, ao aprimoramento das
instituições, e não se servirem delas para promoções pessoais, como heróis
“fabricados” pela prática milenar da autopromoção (culto da personalidade). Que
a euforia do presente não seja o pesadelo do futuro.
O ano velho, é importante que se diga, deixa marcas
profundas que teimosamente procuramos considerar como acontecimentos
secundários, mas que podem perturbar a normalidade governamental, uma vez que
se trata de um estado de crise aguda, em gestação, ignorada ou negligenciada
como tal. Assim é que, dados aos estapafúrdios acontecimentos que denigrem a
nossa história, para não embarcarmos na onda do “quanto pior, melhor”,
repassemos alguns desses fatos.
O que dizer da insegurança e derrocada dos costumes?
Da morte de policiais que atinge número de uma guerra não declarada, mas que
reflete a falta de vontade política para enfrentar problemas tidos como
insolúveis? De uma política salarial sem regras e sem objetivos claros que
definam procedimentos de aumento salarial, uma injustiça inqualificável. Estes
fatos são apenas efeitos de causas que residem na estrutura falida de nosso
precário “estado de direito.”.
Exemplifiquemos com argumentos:
A democracia, de há muito, está cambaleando, movida
pelos efeitos de um “porre etílico” ou por doença grave que, embora
diagnosticada, é mascarada pela demagogia política e interesses de forças que
agem à surdina, revestida com peles de pacíficos cordeiros. Um dos problemas
mais sérios do País está na divisão da sociedade, um dos mais terríveis males na
presente conjuntura. Não será fácil combater situações que foram forjadas em
gabinetes, com o firme propósito de se instalar um regime que contraria as
nossas tradições e se propõe perpetuar no poder. A lei de Anistia, lei que teve
a participação de todos aqueles que seriam beneficiados, portanto, uma lei que
auscultou a opinião de ambos os lados e possui interesses convergentes, por
incrível que pareça, a sua revisão foi uma das recomendações do relatório da
“Comissão Nacional da Verdade”. Está aqui mais um ingrediente para se
estabelecer um clima de animosidade entre classes sociais. As investidas que
visam incentivar a desordem, uma tática comunista, não vingarão, por expor e
banalizar métodos vulgares e incoerentes de pura vingança. A Petrobras tem sido
uma caixa de ressonância de uma corrupção com valores astronômicos, em que a
promiscuidade entre autoridades do governo e grandes companhias, nacionais e
internacionais, redundou na desvalorização da empresa tida como orgulho
nacional.
Tudo isso e muitos outros absurdos empurraram o País
para uma derrocada econômica, cujos desastrosos resultados, na certa,
penalizarão os já sacrificados contribuintes, além de se criar um ambiente
perverso entre ideólogos de esquerda e de direita, aliás, uma definição que não
define nada. Um pandemônio!
Mas nem tudo está perdido. Um fato excepcional acaba de
acontecer:
Com um gesto humanitário, troca de
presos, o presidente Barack Obama (USA) e o ditador Raul Castro (Cuba) decidem,
em discursos históricos quase simultâneos, estabelecer relações diplomáticas
rompidas há 53 anos. É o início de um processo que dará fim a um abismo
político e ideológico que só teve um perdedor: Cuba. O Papa Francisco foi um
dos promotores deste acontecimento extraordinário, que abre as portas e janelas
para redemocratização e integração de Cuba em organismos internacionais. É o
fim de uma aventura suicida que contagiou a maioria dos países da América
Latina. O anúncio foi transmitido quando a cúpula dos presidentes que integram o
Mercosul se reuniam na cidade de Paraná, na Argentina. Coincidência?
A Justiça Divina vem sempre em
momento inesperado. Tarda, mas não falta. O dia 17 de dezembro de 2014 será
lembrado como o dia em que aconteceu um fato extraordinário, que deve
contribuir para o término dos últimos vestígios do comunismo no planeta terra.
Será, na certa, um exemplo para que se pense no diálogo, único meio de
convergência de interesses em litígio.
Ano novo, esperança que se renova...
Feliz Natal, seu Oto! E um ano novo cheio de esperanças renovadas!
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