83ª Comunicação
Estamos em pleno turbilhão carnavalesco, portanto,
este artigo é um intruso num ambiente que deveria ser apenas de rompimento com
todas as preocupações do dia-a-dia. Época de desligar-se por completo de
problemas, nossos e dos outros. No entanto, o carnaval passará e estaremos
novamente sob os efeitos de problemas seríssimos, para os quais não estávamos
preparados. Estaremos sob os efeitos deletérios de acontecimentos que,
inevitavelmente, teremos que enfrentar.
O mundo está dominado pelo ódio e insanidade
epidêmica. O noticiário internacional, pelos absurdos acontecimentos
transmitidos ao vivo e a cores pela surpreendente tecnologia da comunicação —
televisão, informática, mídia escrita e fotográfica —, vem banalizando atos de
atrocidades e situações anti-humanas, em que a vida perdeu o sentido de
sublimidade e tornou-se mera questão estatística: frios resultados que não mais
impressionam.
No Brasil, segundo estratégia gramscista, tudo corria
maravilhosamente bem, apesar de alguns desvios de percurso contornados pela
magia do poder, uma espécie de varinha mágica: distribuição de cargos no
primeiro e segundo escalões e sinecuras regadas com o dinheiro público.
Acontece que, inesperadamente, os “mensalões e petrolões” mergulharam o País na
mais grave crise, jamais experimentada. O futuro só a Deus pertence, assim
diriam os nossos antepassados.
Esta constatação deixa claro que vivenciamos uma crise
de desconstrução do já agonizante estado de direito. Assim, podemos afirmar que
vivenciamos um período de transformações que se processa lenta e gradualmente,
não perceptíveis aos sentidos de um povo dominado pelo fascínio de promessas e
artifícios maldosamente utilizados para incrementar a divisão de classes. É
assustador e preocupante a facilidade com que a ideologia comunista apoderou-se
do poder pelo voto democrático, um ilogismo inqualificável. Mais estarrecedor
ainda é como se processa o cumprimento das determinações do famigerado Foro de
São Paulo, segundo orientações gramscistas. Ex-terroristas de um passado não
muito distante ocuparam o poder pelo voto, uma conquista incontestável, e
mantiveram siglas partidárias que contrariavam o ideário democrático. No
entanto, mais assombroso ainda é a constatação de que heróis e vultos
proeminentes de nossa história, na guerra e na paz, estão sendo substituídos
por ex-guerrilheiros e ativistas “pseudo-intelectuais”. A honra decaiu de seu
pedestal e vem se sucumbindo numa ignominiosa indiferença da sociedade.
Diante deste quadro tenebroso, alguns fatos assustam:
O caminho percorrido para implantação do comunismo no
Brasil compreende duas etapas: a primeira corresponde às tentativas da tomada
do poder pelas armas. O exemplo mais recente foram as guerrilhas, urbana e
rural, desencadeadas durante os governos militares, nas décadas de 1960/1970,
de triste lembrança;
A segunda surgiu da inviabilidade de enfrentamento aos
dispositivos de segurança nacional. Aproveitando-se da ingenuidade de um povo desiludido
e a fragilidade de uma democracia submissa a uma classe política movida a
interesses egoísticos, abriu-se a porta para atuação de uma política com base
em ensinamentos gramscistas: apoderar-se do poder utilizando-se da fragilidade
e vícios de uma República em plena decadência. Uma vez conquistado o poder pelo
voto, iniciou-se a preparação para implantação do comunismo, sob o disfarce de
um eufemismo: “socialismo do século XXI, ou bolivariano”. Assim foi fácil dar
início a desconstrução dos governos por eles tidos como “ditadores”. Neste
tumultuado ambiente, inverteram-se os valores e os tornaram motivos de
surgimento de uma nova classe de heróis, agraciados e contemplados pelo Estado
que os adotou como salvadores da Pátria. Não é fácil compreender como isso se
deu com tanta facilidade. Tentemos percorrer este absurdo caminho.
Aos poucos, com o estado precário das instituições e
ausência de lideranças capazes de impedir a formação dos pré-requisitos
necessários à implantação de um socialismo comunizante, foi possível chegar
onde estamos. Acresça os efeitos sociais advindos de um estado crônico de
desmandos, em que os políticos usavam e abusavam das facilidades proporcionadas
pelos cargos eletivos para obtenção de vantagens indecorosas, como o nepotismo,
mordomias inconcebíveis, altos salários, enriquecimento ilícito proveniente de
uma corrupção desenfreada. Diante de um quadro desses, foi muito fácil criar um
ambiente em que os meios justificassem o fim. Os desmandos provenientes de uma
classe política que só se preocupava em manter-se no poder e locupletar-se com
as facilidades criadas e aperfeiçoadas a cada legislatura, facilitou a
desenvoltura dos objetivos.
Aproveitando-se dos efeitos sociais advindos de um
estado permanente de desmandos, acrescidos da ignorância, filha do
analfabetismo — aliás, uma chaga que poucas vezes foi levada a sério —, da
habitação improvisada e precária aliada a um estado de miséria crônico, e
tantas outras condições resultantes da ausência de uma vontade política em
atacar os problemas nas causas de suas origens, o mais grave problema social, a
pobreza, simplesmente tornou-se um manancial de votos.
Mas o outro lado da medalha é muito mais preocupante:
O inchaço de um estado paquidérmico com 39 ministérios
e uma burocracia excessiva; um municipalismo arcaico e em plena decadência; as
inoperantes instituições que deveriam atender às necessidades básicas de uma
população carente e dependente do poder público; uma política salarial sem base
de referência, um convite aos absurdos salários e aos extremos sociais; um
sistema penitenciário em decomposição; uma preocupante divisão de classes
sociais; um Ministério da Defesa político-ideológico, um contrassenso perigoso;
uma “Comissão da Verdade (?)” que só se preocupou em desmoralizar as Forças
Armadas e perseguir antigos agentes que impediram o prosseguimento da atuação
guerrilheira; a guerra do tráfico e enfrentamento à segurança pública; a
corrupção praticada por membros proeminentes do governo, e uma infindável fonte
de monstruosos desfalques em empresas estatais, principalmente a Petrobras,
tornados públicos pelos órgãos investigativos, principalmente a Operação Lava
Jato, da Polícia Federal.
Infelizmente, as vozes dissonantes que alertavam sobre
propósitos em plena marcha acelerada, não foram levadas a sério. O resultado é
deplorável. Por incrível que pareça, os objetivos que podem levar à implantação
do socialismo bolivariano só foram interrompidos, temporariamente, motivados
pelo estado caótico que vivenciamos. Uma desgraça está salvando a outra. No
entanto, o que foi feito está feito e não
será desfeito. Está aqui um enunciado aparentemente sem sentido, mas que
bem define o que está acontecendo: o objetivo principal, cumprir determinações
do Foro de São Paulo, fica postergado, mas não arquivado. No momento atual, com
tanta podridão vinda à tona, o que interessa é salvar a própria pele, custe o
que custar.
Este estado crítico a que chegamos, mergulhados numa
crise sócio-política e ausência de ética, pelo que tudo indica, só pode ter
sido obra do destino. Por isso, vejo-me compelido a continuar na senda de
esclarecer fatos que nos atormentam.
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