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Aspectos de um Brasil em Transição

      104ª Comunicação
 
                Não tem sido fácil encarar uma realidade que ninguém, em sã consciência, desejaria que tivesse acontecido. Sentimos a necessidade de comentar sobre notícias, nem sempre agradáveis, sobre o andamento das premunições que nos levaram a escrever livros destinados ao País, sem que houvesse apreciação de data, mas com fatos explícitos que nos deixariam perplexos e amedrontados. Uma realidade alarmante!  A preocupação de tal procedimento teria sido alertar sobre possíveis distúrbios anunciados com muita antecedência. Como vivemos sob um clima de intolerância, revolta e medo, com a sociedade atemorizada e desamparada, estamos convencidos de que o tempo tenha chegado. O momento atual exige cautela para não se tornar irreversíveis as medidas do “olho por olho, dente por dente”.
                Dois fatos, um recente e ainda não realizado, e o outro de poucos dias atrás, merecem ser comentados: a greve anunciada para segunda-feira (09/11/2015) pelo movimento independente dos caminhoneiros pode desencadear uma série de outros protestos, que apenas aguardam motivo para exteriorizar decepções que estão vindo ao conhecimento de um povo que se considera traído. A situação é crítica e exige ser vista não apenas como crise de governo, mas do futuro do País.
                O outro fato, igualmente preocupante, foi o pronunciamento de lideranças do Partido Comunista do Brasil (PC do B) no horário gratuito do dia 29 de outubro, ao prometer reação revolucionária às tentativas de impedir os seus mirabolantes propósitos.
                O ambiente de vingança cria um ambiente também de vingança. Por isso a situação que atravessamos não será tão fácil de ser contornada. É necessário que surjam lideranças que abracem as causas de um povo que foi traído por falsas promessas.
                Mas não é só a violência que provoca o estado de desarmonia social, motivos de atritos insuperáveis. O ser humano necessita de um ambiente de equilíbrio entre as várias classes e subclasses que compõem a sociedade. O trabalho remunerado constitui a fonte do desenvolvimento. Aqui é que reside o pomo da discórdia. Duas forças imprescindíveis para a concretização do tão almejado bem-estar-social são postas lado-a-lado como objetos de competição, e não como molas do desenvolvimento. Refiro-me ao capital e ao trabalho. Se bem observarmos são eles os pilares que sustentam o Estado, que por sua vez acolhe a nação, que nada mais é, ou seria, o povo com identidade própria e disposição para manter elos históricos consagrados nos usos, costumes e tradições. Ao invés de encontrar uma maneira para fortalecer o desenvolvimento, promove-se uma acirrada luta entre capital e trabalho. Entre nós, desta luta sem tréguas e sem objetivos definidos, desponta-se o estatismo paternalista, incrustrado nos movimentos sociais. No entanto, aqueles que ainda não foram contaminados pela onda de um marketing que abomina a tradição e os costumes, com objetivos claros e em marcha acelerada, infelizmente, sentem-se deslocados no tempo e sufocados pelas impropriedades impostas pelos ideólogos de uma nova modalidade de comunismo, que se utiliza de uma moribunda democracia para prosseguir com planejamento diabólico. Capital, trabalho e política necessitam serem revistos como forças que promovam o desenvolvimento, e não incrementem a discórdia.
Já agora, vista a situação periclitante que atravessamos, faz-se necessário encontrar os meios que conduzam naturalmente a tão almejada paz social. Poucas são as vozes que se pronunciam e apontam a falência das virtudes. A hora é de se repensar os valores invertidos, cívicos e morais, antes de ingressarmos num caos programado. Neste aspecto somos imbatíveis, por não levarmos a sério os componentes de importantes condições que poderiam ser mais valorizadas: a miscigenação de raças e um só idioma, que simboliza o nascimento de uma nova raça síntese. Outro fator a ser destacado: um território continental, pluridimensionado no que diz respeito às riquesas naturais, a biodiversidade, terras férteis e uma bacia de água doce das maiores do planeta, além de uma reserva florestal que exerce a função de pulmão do mundo. E oito milhões de quilômetros de costas oceânicas. Mas o que predomina é a negatividade, proveniente de desmandos acumulados no tempo, principalmente no que se refere a guinada à esquerda a partir de 1990, com a criação do Foro de São Paulo, posto em prática, entre nós, a partir de 2003. Só agora o País vem despertando de uma realidade que pode levá-lo à ingovernabilidade.
Entre as causas dos desníveis sociais, a miséria é a maior chaga exposta. A classe mais pobre, sem vez e sem voz, vive na ilusão de adquirir migalhas. É bom salientar que as migalhas avolumaram-se a ponto de prejudicar o Orçamento da União e impedir que se restabeleça o princípio de equilíbrio entre receita e despesa, afetando investimentos nas áreas essenciais, que se destinariam a um desenvolvimento autossustentado. Como a carga fiscal é demasiadamente alta, não havia como elevá-la ainda mais, sob o risco de matar a “galinha dos ovos de ouro”. Infelizmente, sem alternativa, foi esta a saída perigosa usada para minimizar os efeitos catastróficos destinados a encobrir rombos indecorosos no utópico e confuso Orçamento da União, com um déficit de 52 bilhões de reais em 2015, isso, sem se referir às “pedaladas”. No total, alguns economistas falam em 112 bilhões. Mas sempre se encontra um jeito para adiar a morte prematura da judiada galinácea. É apenas questão de tempo.
A grande artimanha está na falsidade dos objetivos que ainda continuam ocultos. Amparados pela facilidade de distorcer a verdade, utilizando-se de uma fragilizada concepção de democracia e astúcia em empregar antivalores que visavam desqualificar a história, tudo foi possível. Mas aceitar passivamente o que foi e está sendo revelado pelos órgãos investigativos, “Mensalões” e “Petrolões”, não há como ser justificado.
Os interesses são tantos que se tornou impossível retroceder dos planos para permanência no poder, executados por aqueles que se achavam donos da verdade e do próprio governo. No entanto, o que está vindo à tona através de eficientes investigações, vale a pena anotar: a Polícia Federal (Operação Lava Jato e recentemente a Operação Zelotes), integrada a um complexo institucional com poderes de vasculhar os mais recônditos segredos dos Poderes da República — Ministério Público, Tribunal de Contas da União, Receita Federal, Corregedoria do Ministério da Fazenda e demais órgãos envolvidos nas investigações destinadas a desmantelar operações que agiam em conluio promíscuo —, estão encarregados de desarticular quadrilhas compostas de proeminentes elementos da cúpula do governo e agremiações de esquerda sob a regência do Partido dos Trabalhadores. Obs.: A CPI da Petrobras estaria aqui incluída, não fosse o fiasco do seu relatório, parcial e decepcionante.
O Brasil está a exigir mudança de rumo. Ficar como está não dá mais. A hora é de pensar e discutir sobre uma nova ordem institucional, social, política e econômica, a ser erigida com o objetivo primordial de abrigar as futuras gerações. Dar rumo ao País não significa ditar regras e estabelecer princípios rígidos, teorias ditadas por especialistas de ortodoxias que não mais correspondem a um mundo que exige simplificação de métodos, mas, pelo contrário, serem apreciadas e implantadas segundo conveniências do momento, baseando-se nos erros e acertos do passado, para construir um futuro menos vulnerável às imperfeições humanas. Atualizar corrigindo, ou corrigir atualizando.
Nota Renovadora
Estou publicando (para breve) um livrete, Brasil em Crise versus Brasil Esperança, que traz uma síntese sequenciada sobre os livros Mosaicos da Sociedade Brasileira, escritos na década de 1980 para um tempo futuro e incerto.
Estes livros também se encontram em fase de preparo para serem publicados.
Segue o link do livrete Brasil em Crise versus Brasil Esperança, para quem possa interessar:
Também segue o link para baixar o livro diretamente do site da Thesaurus Editora.

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