(Comunicação décima nona)
O que temos
presenciado nestes últimos dias é a atuação persistente de um movimento
atípico, mas que sabe o que quer. Apesar dos atos depredatórios do patrimônio
público e particular, com vítimas fatais e ferimentos graves, além do
transtorno na rotina das cidades, com precário controle, os motivos que deram
início aos protestos, aparentemente inexpressivos, tornaram-se, de repente, uma
onda de reivindicações que há muito vem exigindo providências concretas, sempre
proteladas. Portanto, trata de um alerta nacional. O momento foi adredimente
escolhido, coincidindo com a copa das Confederações.
Dada
a intensidade dos movimentos reivindicatórios sem que houvesse sinais de
abrandamento, no dia 25 de junho de 2013 a Presidente da República convoca uma
reunião de urgência, no Palácio do Planalto, com todos os governadores
presentes, congressistas e representantes dos movimentos, para analisar e tomar
as providências cabíveis. Cinco propostas foram apresentadas, sendo que a que
mais chamou a atenção, como não poderia deixar de ser, tratou-se da convocação
de um plebiscito, exclusivo para proceder a uma reforma política. Vários
juristas discordaram daquela proposta, que não
foi à frente. Mas a tentativa do plebiscito continuará, pois é ele a única
saída imaginada para tentar minimizar o atual estado de calamidade.
No
entanto, o que se espera é resposta aos reclamos vindos de um povo que está
acordando. Pelo visto, este procedimento, mesmo que fosse adotado, não
atenderia às necessidades do País, pois a pauta de reivindicações é enorme,
inclusive a política. Esta deplorável situação dará muito que pensar, com
debates infindáveis, num clima de animosidade poucas vezes ocorridas.
Tudo
faz crer que estamos diante de um dilema sem uma saída imediata, considerando-se
um quadro enigmático nunca visto anteriormente, quando multidões vão à rua para
protestarem contra tudo e contra todos: governantes e congressistas — federal,
estaduais e municipais —; contra a política do “dá cá, toma lá”; da
ineficiência dos órgãos públicos; da discordância quanto à gestão da
administração pública; da política partidária sem programas específicos que
correspondam às suas siglas; do número excessivo de partidos políticos; o
despreparo funcional para o atendimento das necessidades básicas da população; uma
saúde pública que não atende à demanda e nem tampouco às condições mínimas
desejáveis; a segurança pública ultrapassada pela audácia da bandidagem desenfreada;
o problema da moradia; meios de locomoção num trânsito caótico, sobretudo o
transporte coletivo; assistência social atrelada à política do interesse; o
excesso de desatinos que conspiram contra a administração pública: a corrupção,
a malversação do dinheiro público, o apadrinhamento político, as mordomias sem
sentido que contrastam e provocam repúdio da maioria da população; de um
municipalismo que exige medidas para que os municípios mais pobres possam
coexistir dignamente, sem a dependência da União e dos Estados, excetuando-se as
situações tidas como excepcionais.
E
tantos outros que formam exceções ou não são transparentes perante a opinião
pública, como o controle da economia, o sistema carcerário, principalmente o penitenciário;
o número elevado de ministérios e órgãos públicos; uma política salarial
discriminatória e desprovida de regras rígidas que a coordene.
Tudo
isso são motivos que vão se acumulando na prestação de serviços indispensáveis à
manutenção da ordem, fator essencial para incrementar o progresso. Acrescente-se
ainda a deformação do regime político, democracia, que vem se tornando
instância que acoberta as mais indecorosas atitudes dissociadas do interesse
nacional. Portanto, muito mais preocupante do que a presença do povo na rua, em
movimentos mais contestatórios do que reivindicatórios, serão as conseqüências
que permanecerão vivas. A hora é de mudanças que ponham fim a este estado
caótico.
A
resposta ao que se viu acima não
pode ser tratada isoladamente, pois estamos diante de componentes que integram
a unidade nacional, uma realidade esquecida, mas essencial para sobrevivência
de uma nação. O que assistimos na atualidade é simplesmente o resultado da
inobservância do que vem acontecendo há muito tempo e acumulando no
subconsciente coletivo. O conteúdo extravasou ao que comportava o recipiente.
Nunca se viu tantos protestos em todo o País, variando apenas nas muitas reivindicações
apresentadas. Isto tem algum significado.
Está
aí uma parcela dos motivos que complementam as razões vistas no artigo anterior
e que compõem a pauta das reivindicações.
Diante
de fatos que envolvem pressão de movimentos sociais e a procura de saída para
uma crise que prolonga e radicaliza-se cada vez mais, transcrevo textos do
livro Memória Mística – Thesaurus Editora, Brasília, 2003. São textos contendo orientações,
alertas e conselhos. Como parecem destinados ao atual momento, optei em
transcrever alguns deles:
“As multidões não têm uma vontade
coletiva definida. Agem emocionalmente e por
interesses imediatistas. Não podem ser consultadas sobre leis ou costumes que
devem regê-las. As pessoas que recebem a luz (autoridades) é que devem zelar
pelo interesse coletivo, saber ouvir e selecionar as necessidades e interesses
das multidões e atendê-las quando representam o equilíbrio de uma vontade
coletiva, que por sua vez, representa o resultado de vontades individuais. Mas
as massas não devem ser consultadas sob o pretexto de compartilhar responsabilidade.
Somente a verdadeira luz sabe o momento exato de mudar os comportamentos
sociais. Nenhuma pessoa terá condições de modificar o destino. Nenhum
acontecimento será obstáculo para a realização do previsto. O que é, é, e será.
Esta é a lei.” (Sonhos de Preparação – Pg. 77).
“O hoje é meramente um marco na contagem do tempo. Os fatos
relevantes fixam-se na consciência social e os triviais se diluem no próprio
tempo. Fixemo-nos, aqui, aos fatos excepcionais, capazes de mudar o rumo da
História. A intensidade dos eventos-causas determina como serão os
eventos-efeitos. Tudo é questão de oportunidade na determinação, precisa ou
imprecisa, da condução dos acontecimentos.
A
imprecisão dos fatos indica também a insegurança dos meios utilizados para as devidas
correções. Consumado o imprevisto, dilui-se o planejado. Nestes casos instala-se o arbítrio — nem que
seja provisório — ou degenera-se em anarquia. ... São desencadeadas por pessoas
que transformam radicalmente os seus comportamentos. Ninguém aparece fora de
seu tempo. Surgem então lideranças forjadas em outros ambientes e preparadas
para atuarem em momentos de crises. (Divagações Filosóficas I, Pg. 111).
“De
uma coisa se tem certeza: não se sabe o dia do amanhã baseando-se unicamente no
que se passa no dia de hoje. O hoje é emotivo. O amanhã é tempestivo. Vivemos
de um dia para outro o contraditório. Se tudo está de acordo com as previsões,
o controle pela personalidade é absoluto. Caso contrário, quando o que se passa
não se prende à harmonia do tempo, produz-se o efeito de um resultado não
imaginado. É aí que sucumbe a racionalidade. O que é racional praticamente
deixa de o ser, cedendo lugar ao imprevisto. Estas mudanças imprevistas e
absurdas têm também um caminho. E caminho consentâneo com o desenrolar dos
fatos. Quando isso se dá não é pela
razão que vamos encontrar explicações plausíveis, mas no próprio ilogismo do
acontecimento.”... (Divagações Filosóficas I, Pg.112)
““A solidariedade só é alcançada nos
infortúnios. O que nos reserva o futuro não será jamais antecipado. A caminhada
é obrigatória. Os atalhos são perigosos e inviáveis. A espera, às vezes
enervante, é um teste para provar o grau de amadurecimento. Tudo vem em seu
tempo certo. Até a morte.” (Divagações Filosóficas II, Pg 117).
“É
mister publicar e assumir o que está nos livros*. A letra é mera fantasia sem que vontades a
manipulem. Vontades isoladas, sem um
ponto de apoio, são mais obstáculos do que formas concretas, prontas a erigir
novas mentalidades. ... É preciso que as vontades incendeiem o mundo de luzes,
de muitas luzes.” (Mudança de Rota, Pg. 130) .... “Desperte as oportunidades.
Seja luz e desperte outras luzes. Há luzes muito fortes apagadas. Acenda-as.
Faça-as acender outras luzes.” (Mudança de Rota, Pg.131).
*Obs.: Trata dos livros
Mosaicos da Sociedade Brasileira,
escritos para um tempo incerto, conforme precognição transmitida por Tia Neiva - Vale do Amanhecer, 1978-,
vista nas comunicações 4,5,6 e 8. Dadas as crises que vivenciamos atualmente, tudo
faz crer que é este o momento para torná-los públicos. Estes livros apresentam
sugestões para todos os assuntos aqui abordados e motivos dos atuais movimentos
reivindicatórios. Apesar da dedicação a
uma tarefa missionária a que me predispus em cumpri-la, não me considero autor
dos mesmos, por considerar-me apenas um instrumento de outras vontades.
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