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A Rota do Destino

                               66ª Comunicação

No embalo do tempo somos levados a conviver num ambiente que contraria os princípios que adotamos como formas de vida. No íntimo, discordamos de certas práticas e condutas que afrontam a ordem e a liberdade, impregnando o ambiente com fatos geradores de conflitos e insegurança. Diante deste quadro nada confortável, nos sentimos coagidos a nos adaptarmos ao esdrúxulo ambiente dito social, sob pena de nos expormos ao ridículo ou nos tornarmos pessoas indesejáveis, ou até mesmo rebeldes. Em assim procedendo, provocamos consequências danosas pela não adaptação. O aconselhável, nestes casos, é mudarmos de opinião e nos adaptarmos a um novo estilo de vida, embora não nos desvencilhemos por completo das atitudes que julgamos corretas. Mudar de opinião não é renegar o passado, mas recompor atitudes que se tornaram arcaicas. A vida é dinâmica, os fatos acontecem de uma maneira alucinante, sem que percebamos. O que presenciamos nos dias atuais é resultado de uma transformação que deteriorou as tradições, sepultou os costumes e inverteu os valores.
Este comentário diz respeito ao cotidiano de nossas vidas no que se refere ao relacionamento com o meio circundante, entre pessoas e situações outras mais abrangentes, nas mais variadas atividades. Assistimos e convivemos com fatos que nos fazem lembrar o “estouro da boiada”, fato não muito raro nos tempos de criança, quando assistíamos da janela, trêmulos de medo, aquele espetáculo. A partir daí era um “Deus nos acuda”. Mas tudo nesta vida tem um fim, como no estouro da boiada.
Preocupações sérias, que diretamente dizem respeito ao futuro do País, não são levadas em consideração. Tratam das deslavadas investidas ideológicas na condução do Estado. O que se anuncia diariamente nos noticiários e circulam nas redes sociais, é simplesmente catastrófico. Infelizmente pouco chama a atenção. Não estamos habituados a nos preocuparmos com o que se passa além do círculo de nossos interesses imediatos. Aqui cabe uma pergunta: para onde estão nos levando? O ano eleitoral traz mais um ingrediente perigoso: a disputa envolvendo atritos irreconciliáveis, lamentavelmente, um estado de incerteza provocado pela insanidade ideológica de vinganças descabidas, com o nítido intuito de promover o ambiente ideal para promover lutas de classes, velho e surrado método de tomada do poder e implantação de uma ultrapassada ideologia.
Na condução do País há muitos fatores desastrosos, resultados de uma política que possibilite o conservadorismo. Citemos alguns:
        Os ministérios, em número exagerado, têm sido motivos de barganhas políticas, por exemplo. O número de autoridades, dos três poderes da República, presos ou envolvidos em inquéritos e operações da Polícia Federal, é estarrecedor. Estamos vivendo um pesadelo histórico. Por falta de uma política salarial sólida, as greves e protestos ameaçam o desenvolvimento. Outros distúrbios anunciados ou surgidos repentinamente abalam a credibilidade que deveria ser a bússola daqueles que exercem funções públicas. Tudo isso tem a ver com a centralização de poderes na presidência da República e a consequente dependência dos estados e municípios do poder central. Na prática, o princípio da separação dos poderes só beneficia o poder executivo. Criou-se a mentalidade do estado paternalista, do estado que modela a sociedade ao sabor de interesses conjunturais. A sociedade passa a ser simplesmente massa de manobra. Ignora-se o que seja justo, predominando o sentido do que é legal, mesmo que tenha as marcas do arbítrio e a desaprovação da sociedade. O princípio da representatividade popular está desgastado, sendo visto pela opinião pública apenas como "arrumação", e não compromisso de legislar, fiscalizar e zelar pela moral pública e altos interesses nacionais. A falta de uma visão política para solucionar problemas nas causas, e não apenas nos efeitos, proporciona outros males, como o excesso de instituições, aumento da burocracia, descontrole dos gastos públicos, desvios de verbas, obras inacabadas, corrupção etc.”.
            Seria isso resultado de um progresso em andamento, indutor de passageiros contratempos, mas facilmente contornados? Ou atestado de incompetência em conciliar o útil ao agradável? Não se pode de um dia para o outro proceder a mudanças bruscas, desestruturando aquilo que constitui a essência da vida social. Refiro-me aos ataques constantes aos costumes, principalmente a instituição família, base sólida da sociedade que, por sua vez, constitui os alicerces da nacionalidade. Progressista não é aquele que se dobra aos caprichos de mentes insanas. Há algo mais a ponderar...               
            O progresso tem de ser visto sob dois ângulos: o material e o social. Pouco importa estarmos em condições de competitividade na tecnologia de ponta, dominar o ciclo completo do átomo, crescer na indústria ou até mesmo possuir uma elite capaz de desfrutar dos mais modernos insumos de conforto e lazer proporcionados por uma indústria sofisticada do bem-viver, comparáveis aos maiores pólos de desenvolvimento do mundo, se a grande maioria da população vive em estado subumano, necessitando de boa educação, saúde e condições de manter uma família, segundo a tradição. São dois países, um real, maquiado por dados estatísticos duvidosos e controlado segundo planos ideológicos ditados pelo Foro de São Paulo, e o outro Brasil, assoberbado por problemas insolúveis que podem nos levar a um abismo sem precedentes. Como estamos vivendo num País dividido e submetido a interesses outros, que não os nacionais, a incerteza é a rota de nosso destino.
Vou parar por aqui. Estas citações já nos dão uma ideia aproximada do que vivenciamos e pode tornar-se um estouro da boiada.

Nota ao leitor

Venho tratando neste Blog de assuntos que abrangem dupla realidade: a mística e a que diz respeito aos acontecimentos dignos de serem comentados. Dadas às coincidências e conexões que presenciamos atualmente, tomo a liberdade de recomendar a leitura, ou releitura, das comunicações 58 a 64.
 
No dia 26 de agosto está previsto o lançamento do último livro da coletânea “O Real e o Místico no Cadinho da Vida”. Nas proximidades do evento será transmitido o convite. Por enquanto, só um lembrete.

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