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Os Mosaicos da Sociedade Brasileira e a Realidade Global

                                         103ª Comunicação
O momento histórico de transição proporcionado por absurdos acontecimentos insanos exige uma retomada de rumos. Há de se voltar para o fortalecimento do Estado como instrumento da nação, respeitando os princípios que caracteriza a verdadeira independência, como a igualdade representativa das políticas nacionais, soberania e liberdade de autodeterminar-se, preceitos esses naturalmente conquistados, e não artificial e impositivamente construídos como predominância da vontade dos mais fortes.
Para correção de rumos, tão reclamada e tão mal definida, faz-se necessário que os governos nacionais voltem as atenções para o interior de seus países, avaliem as situações contrastantes das sociedades nacionais e combatam, prioritariamente, as mazelas mais visíveis. É necessário restabelecer a autoestima, restituindo a confiança nas instituições e fortalecendo a esperança no seu aprimoramento, para as próximas gerações. Após tanto desprezo por tudo que dizia respeito às nacionalidades, a hora é de reativar a identidade nacional. Não se pode esquecer de que cada Nação é uma unidade independente, assim como o próprio ser humano o é para agregar-se ao ambiente social. E as nações, ao ambiente global.
Nos nossos dias e sempre, a necessidade de integração com outros povos se concretiza pela conjugação de interesses. Aquilo que seria um comportamento natural se faz mais pela inobservância de critérios destinados a organizar a vida social, segundo padrões que menos discriminassem o direito de cidadania, sem privilégios e obedientes aos princípios da isonomia e oportunidade para todos. A ideologia de esquerda passou a determinar o caminho a seguir para alguns países da América Latina, principalmente. A sociedade brasileira foi desmembrada numa odiosa separação de classes e subclasses sociais. A força contida na expressão das estatísticas reduz o impacto de uma realidade que não é medida por números. A intensidade de injustiça passou a atingir também os países que não seguiam a cartilha ideológica. Assim chegamos ao fim do poço. Seria reflexo do que passa no mundo?
Ideologias e políticas, racistas e xenófobas, reapareceram no cenário mundial revestidas de um “nacionalismo de interesse”. Esta realidade é tanto mais preocupante quando o alvo passa a ser de conteúdo religioso ou ideológico.
A política migratória depende de fatores circunstanciais de caráter transitório. Não se trata de política permanente. O preocupante, no momento, é a contraofensiva raivosa de populações que se beneficiavam do trabalho de imigrantes e, de repente, para salvaguardar a própria sobrevivência, passam a pressionar os governos a restringirem ou proibirem o fluxo migratório.
Quando se fala, por exemplo, que dos seis bilhões de habitantes da terra quatro bilhões, portanto, dois terços são de pessoas miseráveis, há uma generalização anti-humana, pois descaracteriza a miséria, que passa a ser encarada como fato normal. As consequências do estado de miserabilidade, muito variáveis, passam a ser tidas como condições normais e não como fatores desagregantes, por constituírem a maioria populacional. Neste rol de misérias destacam-se a fome, a desnutrição, o analfabetismo, a saúde das populações, qualidade das habitações, enfim, o estar no mundo sem ter a atenção do mundo. Isso significa que temos dois mundos, o dos que têm e dos que nada têm; dos que possuem as riquezas do mundo e os excluídos da oportunidade de aproveitá-las. Quando se vê o mundo sob a ótica da economia não se leva em conta as causas dos desníveis sociais, mas os efeitos perversos deles, friamente reduzidos a percentuais de uma realidade regida pelo mercado.
Solidariedade significa não apenas o sentimento de socorrer e amparar quem necessita, mas o de respeitar as individualidades e promover a valorização pessoal.
No nosso caso, especialmente, os contrastes sociais e regionais são alarmantes. As instituições sofrem o desgaste de males que se tornaram crônicos e são tidos como normais, como a malversação do dinheiro público e a corrupção; a falta de critérios para fixar objetivos de políticas regionais e sociais, essenciais e permanentes; o exercício da política como vocação, e não como meio para lidar com interesses próprios. É essencial ter a formação profissional, capaz de ordenar e administrar as coisas públicas. A administração pública, infelizmente, virou cabide de emprego e motivo para a autopromoção. Assim, a reformulação institucional é necessária e urgente para que se crie uma mentalidade de desenvolvimento integrado às aspirações nacionais.
Aqui vai uma receita simples para o nosso País: os Estados têm de interiorizar as suas indústrias, hoje, centralizadas nas capitais e cidades populosas. Com a criação das Circunscrições Regionais, ou Policípios, uma proposta contidas nos livros “Mosaicos”, isso ficará claro. Os problemas cruciantes dos grandes centros estão justamente no acolhimento das populações interioranas, completamente abandonadas. É preciso acabar com a prática vigente. Não segundo projeções centralizadas, mas fortalecendo regional e setorialmente as instituições. Outra providência será reativar a moralidade pública e promover a solidariedade coletiva, uma forma anônima de corresponsabilidade na administração política, sem ingerência de interesses escusos ou ideológicos.
Está aí o que se pode considerar como questões básicas que norteiam os livros Mosaicos da Sociedade Brasileira. Além dos conteúdos políticos, econômicos, institucionais, sociais e administrativos, o humanismo é visto como uma fonte vitalizante, para demarcar objetivos a serem conquistados.

E no mundo, o que presenciamos?
A situação atual do mundo prende-se aos focos de atritos entre os povos. As civilizações tornam-se cada vez mais distantes uma das outras. O principal objetivo das lideranças mundiais, neste tumultuado tempo, é combater o terrorismo que se alastra sem controle, uma vez que está presente nos mais variados recantos da terra, degolando pessoas, bombardeando Mesquitas e locais capazes de chamar a atenção pelo número de mortes, além da repercussão mundial, como as obras milenares consideradas patrimônio mundial. No entanto, o que mais mexe com a consciência dos povos são as condições de uma morte anunciada dos habitantes dos países dominados pelo fanatismo religioso. Na tentativa de preservar a vida, fugindo de um inferno permanente, buscam qualquer saída. O comum é utilizar-se de embarcações inadequadas e superlotadas. O fundo do mar passou a ser o destino de milhares e milhares de migrantes, uma fatalidade de um tempo tenebroso, em que o Estado Islâmico (EI), cujo objetivo é apossar de territórios de Estados com predominância do Islamismo, utiliza os mais absurdos métodos para abalar a consciência do mundo. Rumo à Europa, que já se sente impotente para receber tamanha carga de migrantes, o que se passa sob este ponto de vista é outra história inefável. Aqui o caso é de comiseração. 


Nota: A composição deste artigo veio da inserção de textos transcritos do livro A Globalização Face ao Nacionalismo, publicado pela Gráfica do Exército (EGGCF) no ano de 2002, acrescidos de relatos de acontecimentos atuais.  

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