107ª
Comunicação
Adentramo-nos na segunda quinzena do mês de dezembro de
2015 carregando um fardo de erros que nos levaram a uma situação triplamente
catastrófica: política, econômica e social. No debate político predomina a defesa
dos antivalores, uma tática utilizada para se criar um ambiente de desarmonia
social. Aberrações
antinaturais tornaram-se concepções legais. É notório e lamentável que não
podemos continuar submissos a padrões que ignoram as nossas reais necessidades,
senão a interesses ideológicos, políticos e vantagens abusivamente corruptas.
Isso tem levado o País a um caos irreversível. É neste ambiente
asqueroso que se processa a tentativa de se instalar o impeachment da
presidente Dilma.
O ambiente é tenso, tanto na atividade político-ideológica quanto aos
efeitos desastrosos na sociedade, que sofre as consequências de uma deslavada
destruição das bases institucionais, hoje, com o País mergulhado num mar de
lama e dejetos, imitando a natureza que está aí a cobrar pelos erros do passado.
O País está paralisado. As acusações mútuas dominam os noticiários da mídia,
onde a palavra mentira não mais ofende a honra.
Devido a este imbróglio não há como deixar de comentar, ainda que
sucintamente, sobre o ambiente explosivo que aumenta a cada sessão da Câmara
dos Deputados, sobretudo no que diz respeito ao impeachment da presidente
Dilma. Vejamos alguns fatos:
No dia oito de dezembro de 2015, os fatos extrapolaram todas as
expectativas. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, também
investigado por denúncia de corrupção pela Operação Lava Jato, ao abrir a
sessão da votação da Comissão Especial sobre o processo de impeachment, anunciou
que a votação seria secreta, um procedimento não esperado pela base do governo.
A partir daí iniciou-se uma briga coletiva em que os deputados da base
governista postaram-se à frente das 14 urnas e desconectaram os aparelhos,
ocasionando a quebra de alguns deles. Resumindo: uma verdadeira ausência de
decoro parlamentar instalou-se naquele recinto, transformando-o em campo de
batalha, com acusações mútuas, empurra-empurra e safanões, onde a palavra
“golpe”, repetida como chavão provocativo, salientava-se entre as palavras de
xingamento e acusações indecorosas.
Este lamentável episódio só sessou com a chegada dos seguranças da
Câmara que intervieram, posicionando-se em frente às cabinas de votação.
Na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, no dia 10 de dezembro,
que deveria julgar o presidente Eduardo Cunha por quebra do decoro parlamentar,
o ambiente foi igualmente pesado, com acusações e xingamentos exacerbados, troca
de tapas entre deputados, numa causa que deveria merecer a chancela da
neutralidade. O tumulto foi tanto que o presidente da Comissão, Dep. José
Carlos Araújo, (PSD-BA), determinou que a sessão fosse interrompida, com a
reprimenda de que “Aqui não é lugar de disputa corporal” e que acionaria a
Corregedoria para investigar a lamentável ocorrência.
Outro acontecimento digno de nota sobre o impeachment ocorreu no dia
08 de dezembro. O ministro do STF, Luiz Edson Fachim, relator do processo, em
arguição do descumprimento de preceito de lei que define o crime de
responsabilidade, apresentada pelo PC do B. O ministro relator suspendeu
temporariamente a validade do julgamento que será decidida pelos ministros do Supremo
Tribunal Federal, na tarde do dia 16 dezembro.
Conforme previsto, o plenário do STF iniciou a análise do julgamento
com a leitura do parecer do relator, que terá continuidade no dia seguinte.
Seja qual for a recomendação, a presente consulta já dá mostra do longo caminho
a percorrer. O desgaste da classe política, pelo que tudo indica, será
inevitável. A voz do povo não ressoa no Congresso Nacional.
Mas não é só no Legislativo que os ânimos estão à flor da pele. Na
cúpula do governo a situação é bastante delicada. O vice-presidente da
República, Michel Temer, em carta que se diz pessoal, apresenta um desabafo
sobre a sua atuação institucional para manter apoio, pessoal e partidário, ao
governo para o qual foi eleito. Em contrapartida apresenta onze exemplos de
desconfiança e menosprezo do governo a sua pessoa, considerando-se um “vice
decorativo”. Trata-se de um documento que poderia causar rompimento desastroso
na base do governo. No entanto, os apaziguadores postos em ação, marcaram um
encontro das duas autoridades, realizadas no dia nove de dezembro, em que
declaram manter “uma relação pessoal e institucional, a mais fértil possível.”
Outro fato que tem repercutido na mídia é o reiterado adiamento do
processo contra o Deputado Eduardo Cunha, na Comissão de Ética. As sessões vêm
se tornando palco de pugilismo e troca de insultos indecorosos. Dois fatos, no entanto, acontecidos no dia 15
de dezembro podem ter desdobramentos inesperados, quanto ao acirramento dos
ânimos: o julgamento para dar continuidade ao processo em pauta foi aprovado
por 11 votos a favor e nove contra. O segundo fato, este de consequência
política grave, deu-se na manhã do mesmo dia (15 de dezembro): Cumprindo
determinação do Ministério Público, a Polícia Federal cumpriu 53 mandados de
busca e apreensão, inclusive três referentes ao Deputado Eduardo Cunha, em
Brasília e no Rio de Janeiro. Engrossa o inusitado fato algumas personagens
políticas: dois ministros do Governo Dilma, deputados e senadores, sendo grande
parte deles do PMDB, Partido de fato partido. A Operação leva o nome de
Catilinária, que nos lembra de algo como “Até quando, oh Catilina, abusarás de
nossa paciência?”.
Diante de ambiente movido a interesses a preservar, mantidos a “sete
chaves”, nunca é por demais lembrar que existem organizações tipicamente de
esquerda, que se destinam a desempenhar papéis centralizadores, em atividades
diversificadas: O Instituto Lula, por
exemplo, exerce a função que se diz suprapartidária e sem fim lucrativo,
dedicado à cooperação internacional entre Brasil, África e demais países (bloco
socialista) da América do Sul; o Partido
dos Trabalhadores (PT) exerce a liderança das agremiações de esquerda para
conduzir política ideológica destinada a um comunismo metaforizado de
“socialismo bolivariano”. Obs.: Os movimentos sociais, CUT, UNE,
MST (sem terra e sem teto) e outras organizações que caracterizam forças de
divisão de classes, ou se dizem intelectuais, são considerados apêndices
dessas três organizações.
Obs.: É bom lembrar que a experiência na Venezuela, um País outrora
rico, foi um fiasco. Está anarquizado. Mas ninguém poderá garantir o que
acontecerá daqui para frente. Os interesses a preservar, até que se esgotem os
últimos recursos, legítimos ou ilegítimos, não são definitivos. Infelizmente,
Brasil e Venezuela caminham de mãos dadas.
Ultimamente vem acontecendo fatos jamais imaginados: assim
é que, em clima de ambiente explosivo, a Justiça Federal autorizou a quebra de
sigilos bancário e fiscal do filho do ex-presidente Lula, Luís Cláudio Lula da
Silva e do ex-ministro Gilberto Carvalho, investigados pela Operação Zelotes. Tal
medida pode se estender a outras proeminentes autoridades.
Saindo da órbita conflagrada da política, o ambiente é
preocupante. Na economia o quadro é desolador. Com a piora dos dados econômicos
e fiscais, com forte aumento da dívida pública, no dia 16 dezembro a Agência de
classificação de riscos Ficht rebaixou a nota do Brasil. A permanência no
cargo do ministro Joaquim Levy, da Fazenda, torna-se insustentável.
Nota Renovadora
Venho insistentemente referindo-me aos livros Mosaicos da Sociedade Brasileira, escritos na década de 1980 para
um tempo futuro e incerto, mas explícito quanto aos acontecimentos. E o tempo
chegou. As
coincidências são tantas que não deixam dúvidas.
Esta coletânea tem uma história acompanhada em livros. Deste inusitado
fato surgiu a iniciativa de escrever um livrete explicativo, Brasil em Crise versus Brasil Esperança, compondo uma síntese histórica de uma saga
missionária. Dada a atual situação do País, não há mais como postergar a
publicação destes livros. No devido tempo darei outros esclarecimentos.
Aproveito desse interregno dedicado aos festejos natalinos para
apresentar a todos os leitores que nos honraram com as suas leituras, os mais
ardentes votos de um Feliz Natal. Roguemos
ao Mestre Jesus a paz tão necessária para atravessarmos o atual momento de
transição, revigorando-nos a esperança de que o Brasil se veja livre das atuais
amarras e possa alcançar a sua destinação, de “Pátria do Evangelho e coração do
mundo”. Refletir sobre o momento atual é fixar o presente, que amanhã será o
passado, de fatos que nos atormentam ou nos atormentaram, pois nesta vida tudo
passa: os bons e os maus momentos.
Li esta publicação depois da Seção em que o STF decidiu pela nulidade dos atos praticados pela Câmara do Deputados. Para quem esperava que o processo de impedimento teria um rápido desfecho foi surpresa. Não foi para mim. O que esperar de uma Corte em que a maioria de seus componentes foi nomeada pelo PT?
ResponderExcluirPara quem gosta de Pizza, pode começar a preparar a degustação. Não vai dar em nada, exceto em relação ao Presidente da Câmara que deverá cair brevemente. Parabéns Oto pela excelente análise.