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O Uivo do Dragão da Crise

  110 ª Comunicação   
                

              O mês de fevereiro de 2016, ao romper o primeiro recesso político que serviu de acomodação à onda de denúncias vindas das delações premiadas, conseguiu, temporariamente, frear o ambiente de impopularidade quanto à situação dos dois poderes da República, Executivo e Legislativo, em capítulos isolados, a partir do ano de 2003. É a surrada prática adotada pela esquerda de se inverter situações desesperadoras em fatos inexpressivos, ou melhor, contornáveis. É disso que trataremos neste artigo.
                O recesso parlamentar do primeiro mês do ano tem prosseguimento com o retorno das férias escolares, Carnaval, Semana Santa, entrecortados pelos campeonatos futebolísticos estaduais e nacionais. São rotinas que irão desaguar nas Olimpíadas, evento internacional que muito promete. O terrorismo internacional põe em alerta as aglomerações de povos do mundo inteiro, o que não deixa de constituir-se em mais um obstáculo a ser considerado. Até mesmo o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e o temível zika, que causa microcefalia, são destaques internacionais que muito preocupam. O transcorrer natural, cumprindo calendários agendados e, coincidentemente, em ambiente de crises que se fortalecem cada vez mais, torna-se expediente para aquecer a temperatura das eleições de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos estados federados, expondo problemas insanáveis, facilmente transformados em promessas que jamais serão cumpridas. E assim, já preparando para os festejos do fim de ano, caso não aconteça algo de extraordinário, o País deverá atingir o ápice anárquico-ideológico, com as consequências naturais dos aumentos avassaladores da miséria e da violência. Para aqueles que se dispuseram a instalar o caos só lhes restarão retornar aos antigos métodos utilizados no passado, de triste memória, o terrorismo.
Mas há outro ponto de vista que não pode deixar de ser exposto. Muito se tem falado em passar o País a limpo. Como vivemos a época da informação instantânea, presume-se que somos testemunhas virtuais do que vem acontecendo. É aqui que surgem fatos que dissimulam e desvirtuam a verdade. O que se esperava que acontecesse, segundo previsões racionais, foi desviado da rota planejada e substituído pela falsa argumentação que se utiliza da subversão dos valores para sabotar a história contemporânea. Invertera-se a versão dos fatos e criou-se um clima de chantagem capaz de iludir boa parte da sociedade.
Quando não se encontram argumentos capazes de negar provas robustas do envolvimento em crimes lesa-pátria — que levaram o País a uma situação de descrédito e abalo nas estruturas de um estado arruinado —, apela-se para a aprimorada arte da simulação. Com estes artifícios tentaram cobrir rombos incalculáveis de corrupção, jamais vistos no País. Aqui os fatos falam mais alto do que os antivalores utilizados contra aqueles que se sentiram imobilizados por argumentos ilegitimamente considerados. Diante de tal impasse seria necessário criar algo que mudasse o rumo das investigações. O que lhes restou fazer foi tentar atropelar o ritmo das Operações Lava Jato e Zelotes, as mais em evidência.
Foi neste ambiente de recesso parlamentar que no dia 15 de janeiro de 2016, 105 advogados, alguns atuando como defensores dos investigados pelos crimes de lesa-pátria que levaram o País ao descrédito e à bancarrota, subscreveram um manifesto que acusa a Operação Lava Jato e o Ministério Público de abusos que impedem o exercício da plena defesa. O manifesto traz por título o que bem o define: “Carta aberta em repúdio ao regime de supressão episódica de direitos e garantias verificados na Operação Lava Jato”.
A reação contra tal manifesto foi imediata, partindo dos Procuradores da República e partidos políticos, como a REDE, criado pela ex-senadora Marina Silva, acrescido da cúpula do Judiciário, presidentes do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e da Associação dos Juízes Federais, Antonio César Bochenek.
Este episódio é apenas uma das comprovações do desespero daqueles que tentam abalar a credibilidade do Juiz Sérgio Moro. As delações premiadas mudaram por completo o rito processual penal, evitando-se e tornando inócuos recursos protelatórios, principalmente em casos que envolvem políticos, empresários e autoridades do alto escalão da República. Passa a valer o velho chavão: “Todos são iguais perante a Lei.”.
A crítica do Partido dos Trabalhadores, como não poderia ser diferente, é de que a Operação Lava Jato contém um “embrião de Estado de exceção”, ao usar métodos da época da Inquisição. O que acontece é que as operações investigantes revelaram e estão desnudando esquemas de carteis de quadrilhas que agiam na Petrobras e outras estatais, falcatruas em bancos da União, com grossas propinas de empreiteiras para funcionários públicos, políticos do PT e integrantes da base do governo, sem falar no próprio Partido, cujas operações se aprofundam cada vez mais.
                Como citamos no artigo precedente, o núcleo dos poderes da República, atual e anterior, já são alvos de investigações. O ex-presidente Lula é “intimado” a depor na Justiça Federal, como convidado, o que o fez no dia 17 de dezembro de 2015 e 06 de janeiro de 2016. No dia 22 de janeiro voltou a comparecer à Polícia Federal, como convidado, para esclarecer compras de medidas provisórias para favorecer montadoras de veículos, em seu governo. Além de negar qualquer envolvimento, seu e de parentes com lobistas, considerou “coisa de bandido” tais condutas. O certo é que a Operação Lava Jato não dá trégua. De convidado a convocado é apenas questão de duas letras. Quando se fala em ocultação de patrimônio refere-se à lavagem de dinheiro, crime que aparece em todas as denúncias, do “Mensalão e do Petrolão”. Os mais comentados, ultimamente, referem-se a um apartamento tríplex em Guarujá-SP e ao sítio Santa Bárbara, no município de Atibaia-SP. Diante de situação tão complexa, os confrontos entre movimentos prós e contra ao impeachment estão a sugerir devassas em círculos hermeticamente fechados.
                O atual momento histórico é de mudança de rumo. Não há tempo a perder e, tampouco, de descuidar do que se encontra por trás dos males que nos afligem. Os adeptos do comunismo utilizam a subversão dos valores para atingirem seus nefastos objetivos, uma tática utilizada para fragilizar as instituições. Lembremos que não há efeito sem causa. E as causas são dissimuladas, mascaradas e maquiadas para não serem lembradas como responsáveis pelos efeitos catastróficos que presenciamos: a dívida pública assusta ao bater recorde após recorde. Por isso, o que vem pela frente é incerto e imprevisível.

Nota Renovadora
O que me levou a enfrentar uma situação nada confortadora — acompanhar o desenrolar da História contemporânea — foram as coincidências entre os expedientes utilizados para descortinar o futuro: os cientistas políticos, com antevisões ortodoxas de pontos de vista tidos como científicos, e os analistas econômicos, com previsões quanto ao desfecho do que viria acontecer, caso perdurassem as medidas consideradas fora dos padrões apreciados. Some-se, também, a estes dois expedientes, as precognições — conhecimento antecipado do que viria acontecer —, motivo do breve comentário a seguir:
Os Mosaicos da Sociedade Brasileira foram escritos na década de 1980 para dar rumo ao País, segundo orientações ditadas por precognições. Como se referem a uma área mística, difícil de ser aceita por quem não se relaciona com determinados rudimentos essenciais a um entendimento sobre o que venho experimentando, embora com fatos comprovados, não deixa de trazer certo constrangimento pessoal, uma vez que estão registrados em livros. O livreto Brasil em Crise versus Brasil Esperança, a ser lançado brevemente, é uma síntese histórica sobre os livros Mosaicos. É lamentável que assunto de tal monta seja levado para o lado de um preconceito que exclui a possibilidade de tratar-se de propostas compatíveis com a realidade, sem rótulos pejorativos. Só assim acordaremos para a necessidade de mudanças radicais nos poderes da República. O tempo urge enquanto o dragão da crise uiva.


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