(Vigésima Primeira Comunicação)
O que tínhamos
para esclarecer sobre um momento altamente explosivo e com tantas versões, num
contexto de compromissos assumidos quanto a procedimentos que deveria seguir, posso
afirmar que não me desviei do propósito assumido: comprometimento com a
verdade, a independência nas atitudes e neutralidade na descrição dos fatos. Era
preciso agir em campos diversificados que iriam demarcar rumos. Tudo faz crer
que chegou a hora de se fazer uma reflexão sobre o que se passa num momento tão
delicado. É disso que trataremos neste artigo.
O
ambiente sociopolítico que se instalou após o abrandamento dos movimentos
espontâneos ocorridos durante a realização da Copa das Confederações foi
imediatamente preenchido pela tentativa de um plebiscito, que seria convocado
para instalação de uma constituinte exclusiva, com o fim de se proceder a uma
mini-reforma do sistema político. Como houve reação do Congresso, tornou-se
inviável tal iniciativa. Mas não ficou por aí. Diante de um possível fracasso,
as Centrais Sindicais decretaram uma greve geral de um dia, 11 de julho de 2013
(Dia Nacional de Lutas), reivindicando questões trabalhistas. Seria isso uma
maneira de desviar o foco de uma situação que está exigindo reformas profundas,
ou um complemento de reivindicações trabalhistas, com a volta da anarquia
ideológica, de preocupante memória?
Pelo
visto está passando da hora de encarar uma realidade que pode se agravar,
justamente por não querer encará-la frente, combatendo os vícios lembrados e
revigorados durante os movimentos contestatórios.
Se bem
observarmos o que ocorre na atualidade, desde que apreciada com imparcialidade,
portanto, sem a nódoa do interesse político ou ideológico, confirma o estado de
calamidade e as transformações que estaríamos sujeitos, anunciadas por
precognições relatadas neste Blog. Infelizmente, pela origem mística de tais
narrativas, não são levadas a sério. Só o tempo dirá.
Não
entraremos em detalhes quanto ao mérito do que está ou pode acontecer, mas
apontaremos alguns setores que estão a reclamar por medidas corretivas.
Vejamos
alguns, em forma de perguntas:
Quem,
de sã consciência, seria capaz de afirmar que o País está em ritmo de um
desenvolvimento auto-sustentado, isento de deixar-se contaminar pelas eventuais
crises que assolam o mundo?
Que
não temos problemas seculares, nunca levados a sério pela classe política?
Que
a miséria não continua a infernizar a vida de milhões de brasileiros? Enfim,
que está longe de ser erradicada?
Que
a política, como principal instrumento de uma viciada e fragilizada democracia, não necessita ser totalmente
repensada, e não remendada atendendo a interesses eleitoreiros?
Que
a própria democracia necessita ser reformulada, com princípios que a aprimorem,
ou extirpem os vícios tidos como insanáveis?
Que a República
pede por socorro, por ineficiência dos órgãos reguladores da União Nacional?
Que
os municípios pouco são do que deveriam ser, isso devido ao endividamento que
imobiliza o desenvolvimento? Que sofrem de males crônicos, como a dependência
total da União, dos Estados e de verbas suplementares do Poder Legislativo
(estaduais e federais), com políticas paternalistas que os impedem de implantar
infraestruturas regionais, necessárias e sempre adiadas?
Que
este modelo de municipalismo não é auto-suficiente e, em consequência, está a
exigir um novo modelo mais abrangente no que diz respeito às administrações, municipal
e regional?
Que
a Segurança Pública, por mais que se atualizem os meios de combate à
criminalidade, com gastos astronômicos, está sempre defasada em relação ao
número crescente de contraventores da lei?
Que
o aumento das organizações criminosas tem suas origens justamente nos males que
afetam a sociedade, hoje tão insegura e temerosa?
Que
o sistema penitenciário necessita urgentemente de um novo modelo, mais humano e
voltado para o trabalho, para a educação, enfim, ao retorno à sociedade do
condenado após cumprir integralmente a pena condenatória, dentro de uma visão
regionalista? Obs.: Deve-se levar em
conta para o abrandamento das penas, somente circunstâncias atenuantes quanto
ao mérito pessoal, e não conveniência da inoperância do Estado.
Que a política salarial não passa de um amontoado
de incongruências que facilita privilégios, mordomias injustificáveis e, por
incrível que pareça, é “instrumento legal” que acoberta arbitrárias medidas de
indecorosas “falcatruas”, como o 14º e 15º salários, que, por pressão da
sociedade foram revogados? Não estaria aí uma das razões para justificar tantos
enriquecimentos ilícitos?
Mas
também há outros fatos que chamam a atenção, justamente por favorecerem velhas
e surradas práticas criminosas tidas como normais no meio político, como a
corrupção na cúpula governamental e naturalmente transmitida para toda máquina
administrativa? Aqui há um fato que merece ser lembrado:
Felizmente,
o ano de 2012 pode ser considerado um ano decisivo para restabelecer a
moralidade pública, ou diminuir o ímpeto corruptivo há muito instalado. O
Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ação penal Nº 470, sob a presidência do
pulso forte do ministro Joaquim Barbosa e colegas da vanguarda moralizante,
mesmo com forte oposição de alguns ministros e pressão incisiva de classes
ideologicamente comprometidas, deram um passo importante para restabelecer a
moral pública, há muito fragilizada por desmandos inqualificáveis. Este
julgamento tem o valor simbólico do início de uma nova era, em que o Poder
Judiciário proclama a sua independência de aplicar a verdadeira Justiça. Que
este julgamento sirva de exemplo para os outros poderes da República e não caia
no esquecimento obsequioso das manobras políticas.
Infelizmente,
no País, não tem prevalecido ideias moralizantes.
Por
fim, uma afirmação: o setor econômico exige nova postura para abordagem de seus
postulados tidos como pétreos, mas com vícios de execução que reclamam por
ideias renovadoras.
Está
aí uma síntese analítica de algumas mazelas expostas que aguardam sugestões
claras e abalizadas, com argumentos lógicos e racionais. Como venho afirmando,
este Blog teve por objetivo anunciar uns livros escritos na década 80, Mosaicos da Sociedade Brasileira,
justamente para uma época futura, sem precisão de datas, mas com acontecimentos
explícitos. Pelo que tudo indica, o tempo chegou.
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