(Quadragésima quinta Comunicação)
Por várias vezes tenho feito referências aos
movimentos reivindicatórios e contestatórios, tanto dos que têm argumentos
justos, ou até mesmo daqueles que, aparentemente, se apresentam com a máscara
da inocência, ou mesmo pueris, que simplesmente ocultam o verdadeiro motivo a
que se destinam: o de fomentar o ódio e promover um clima de temeridade
crônica, em que o medo, já transformado em fobia social, facilita a atuação de
bandos organizados.
Dentre as mais variadas formas de manifestações, num
ambiente que incentiva provocações as mais diversas, surgiu mais uma que está
dando o que falar: o Rolezinho. O que em outros tempos seria apenas uma maneira
jocosa dos adolescentes se divertirem, de chamar a atenção por alguma causa
justa, “o sair por aí”, hoje é motivo de muitas preocupações. A delinquência
juvenil e até mesmo a infantil vem crescendo assustadoramente. Na maioria dos
crimes de assalto à mão armada, sequestros, roubos de veículos e até mesmo nas
denominadas guerras de quadrilhas, ligadas ao tráfico de drogas, e toda espécie
de barbaridades fartamente comentadas pela mídia, geralmente, as crianças e os
adolescentes têm presenças garantidas. Para a vítima não interessa a idade do
criminoso, mas as consequências do delito. Os grupos que se formam a partir das
redes sociais, não têm vínculos de amizade, nem se destinam a diversões.
Ninguém pode prever o que se passa na cabeça de um jovem, altamente instruído e
com exemplos que o induz à prática de aventuras, sem medir as consequências de
seus atos. No início é um modo divertido e perigoso de colocar em prática o que
era apenas virtual. Depois os resultados danosos à sociedade, com fechamento de
shoppings e danos incalculáveis, como vem acontecendo com movimentos tão
deploráveis, que resultam na crescente insegurança social. Os jovens não se
contentam com o que possuem. Querem sempre mais. Daí a razão do rolezinho.
Democracia é remédio social. Assim como o remédio em excesso é veneno,
democracia também o é. E mortífero.
As redes virtuais determinaram outro estilo de
convivência social. A instantaneidade das comunicações e as informações
abundantemente noticiadas conectaram o ser humano a um mundo que vive imerso em
ambientes diversificados, de guerra e de paz, de miséria e ostentações de luxo
e extravagâncias que disseminam o ódio, a inveja, o medo, a intolerância e
inqualificáveis atos que intoxicam e impedem a formação de uma humanidade
fraterna.
Presenciamos nestes dias tumultuados tantas novidades
se revezando em ritmo alucinante, que não nos sobra tempo de voltarmos para nós
mesmos e tentarmos vislumbrar um caminho mais próximo da realidade, amenizando
a agressividade dos maus exemplos que frutificam em abundância. Vivenciamos uma
época de transformações profundas na ciência, na tecnologia, nas artes, nos
costumes que, infelizmente, estão influindo no comportamento dos povos de
maneira acentuadamente danosa. As tradições altruístas estão perdendo terreno
para o que se considera modernidade. No entanto, há algo no ar que não está
cheirando bem, porém, nem todos são capazes de perceber.
Estamos perdendo a noção do valor da vida.
Banalizaram-se as mortes prematuras, causadas por desastres quase sempre
provocados pela imprudência, pelos assassinatos provenientes de assaltos, pelas
aventuras sem as devidas cautelas, pela utilização de produtos alucinógenos,
ciúmes, suicídios causados por depressão que leva ao isolamento e até mesmo a
rejeição à vida. Até a natureza tem cobrado caro pelos abusos cometidos pela
humanidade, com enchentes arrasadoras, secas prolongadas, frio e calor em
demasia. Tudo isso nos leva a outros desvios que nos impedem de valorizar a
vida. Os meios para combater este estado mórbido são considerados retrógados,
ultrapassados. Contrariam interesses não revelados. Até parece que somos
conduzidos a um caos planejado. Os direitos humanos, na atualidade, não levam
em consideração nada disso. São omissos no que deveriam estar presentes. Não
podemos deixar de nos referir também à saúde pública, que não atende
preventivamente e não socorre aos doentes já no limite do desespero, por omissão
ou deficiência de meios, enfim, por desumanidade. Assim, ignoramos o que seja
humanismo, ou a prática do amor ao próximo de tantas citações nos evangelhos e
tão apregoado pelas religiões.
Muitos são os artifícios empregados para se criar um
ambiente de revolta velada e reativar antigos propósitos que conduzam à luta de
classe, fracassada aspiração comunista de muitos anos atrás, em que os meios,
diziam, justificavam os fins. Daí os atritos sempre presentes entre povos de
tradições seculares que foram submetidos pela força a um regime totalitário, incompatível
com as suas origens. Era a imposição de uma supremacia que não admitia o
diálogo nem tampouco a possibilidade de lutar pela liberdade, pois a soberania
fora completamente submetida a um processo que decretava a perda do status quo então vigente, que ainda
poderia manter vivos princípios arraigados nos costumes e nas tradições, por
menos expressivos que fossem. Tais pontos de vista foram defendidos ou impostos
a ferro e fogo, sob a ameaça de incendiar o mundo com artefatos atômicos e
avançada tecnologia bélica. É o caso típico do que acontece ainda hoje, entre
as duas Coréias. A Ucrânia é exemplo mais recente: passa por um momento
delicado, justamente por ainda guardar antigas mágoas da opressão soviética. O
que falar do eterno atrito histórico-religioso no oriente médio, atualmente de
âmbito mundial, onde o fator ideológico é tido como um objetivo a ser
conquistado. A Síria passa por momentos desastrosos e alguns países da África
ainda não se livraram dos absurdos da miséria absoluta e das guerras tribais.
Nação, País e Pátria, embora
palavras tidas como sinônimas, são maneiras diversificadas de se referir à
mesma instituição, o Estado. Na prática, teria de se estabelecer uma política
de desenvolvimento voltada para a nação (povo politicamente organizado), o que
nunca se pensou. Não há e nunca houve tal preocupação. Em casos de crises as
políticas prioritárias visam a salvar o Estado, sempre ameaçado pela falta de
consistência institucional. Transfere-se para a nação — povo nem sempre
politicamente organizado — a responsabilidade de salvar o Estado.
Resumindo, as crises que se sucedem têm um nome: crise
moral. Esta, sim, acoberta ou disfarça qualquer medida que pretenda
combater as causas. Os efeitos, já em estado avançado, saem sempre fortalecidos
nestes embates de “mentirinha”. O período eleitoreiro é pródigo de fatos desta
natureza.
O que mais nos preocupa é que tudo isso que está
acontecendo e muito mais, foi previsto por precognição, no já distante ano de
1978, que assim resumo: época de transformações profundas, com muita violência,
sangue e miséria. Será que estamos caminhando para que se cumpra por completo a
precognição anunciada? (Ver comunicações 4 e 5 – mês de março de 2013).
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