55ª
Comunicação
Sempre que se rememora um grande feito ou uma data que
relembra fatos que ostentam a aura do patriotismo imaculado, estamos cultuando
o civismo. O dia 21 de abril tem motivos de sobra para ser considerado o marco
histórico mais expressivo de nossa história. No dia 22 de abril era
descoberto o nosso País, anunciado desde o entardecer do dia anterior. Assim, o
21 de abril é o dia véspera do primeiro feito.
É pena que as comemorações no que dizem respeito aos
festejos populares e eventos culturais, não correspondam a magnitude dos fatos
a serem lembrados. Diríamos mesmo que estamos por demais carentes de exemplos
dignificantes, num ambiente contaminado pela corrupção, pela depravação dos
costumes e aversão às tradições; pela violência indiscriminada e escândalos
após escândalos. A população se vê refém de greves e bandidos. O País está mergulhado
em dissensões sociais.
Os dois eventos que se comemoram no
21 de abril são fatos que influíram decisivamente na formação de nossa
nacionalidade e na interiorização do desenvolvimento: Inauguração de Brasília e
Inconfidência Mineira.
Algumas palavras sobre Brasília:
Brasília é algo mais do que a
capital do Brasil: é Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. Situada no
Planalto Central, estrategicamente localizada, é possuidora de três atributos
essenciais para a condução do Estado federativo: É convergente: para ela convergem, em igualdade de situação
geográfica, as aspirações das populações estaduais. É irradiadora: irradia as ordens emanadas do Poder Central, em
igualdade de condições, o que permite selecionar prioridades nacionais. Por
fim, é o centro das decisões que fortalecem a integração nacional.
A construção de Brasília tem muito a
ver com o Egito do Faraó Akhenaton IV, que construiu a cidade de Akhetaton, em
homenagem ao Rei Sol (Aton), no século XIV a.C. Juscelino e Akhenaton IV
possuem histórias semelhantes. As coincidências são tantas que não há como
negá-las. Outra coincidência é o sonho profético de Dom Bosco, no distante ano
de 1883, em que se referia à “construção de uma cidade entre os paralelos 15º e
20º, que jorraria leite e mel.”. Mais recentemente, o fato marcante foi a
promessa de construir a nova capital no Planalto Central, em comício na cidade
de Jataí - Go, em abril de 1955: “cumprirei o que está previsto na Constituição”.
Uma saudação
fraterna:
Parabéns Brasília pelos 54 anos.
Parabéns aos brasilienses, natos e adotivos. Parabéns Brasil, pela chama de
patriotismo de seus fundadores, aqui nominados:
Presidente Juscelino Kubitschek de
Oliveira, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Burle Marx, Israel Pinheiro, Bernardo
Sayão e os destemidos e anônimos Candangos, trabalhadores que participaram da
construção da nova capital. Incluo, como ato de reconhecimento, o jornalista Adirson
de Vasconcelos, o escritor de Brasília.
Inconfidência Mineira
A palavra inconfidência (falta de fidelidade,
infidelidade) pode ser considerada uma grande injúria etimológica. Este
patriótico movimento, apesar de sufocado antes de explodir, é uma demonstração
a toda prova do quanto repercutiu com o passar do tempo, como marco histórico
que tornaria, 30 anos mais tarde (1792/1822), concretizado no “Grito da
Independência”, o grande ideal dos inconfidentes.
Como homenagem ao protomártir deste extraordinário movimento,
José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, transcrevo seis versos de um longo
poema, por considerá-lo uma obra prima quanto à síntese histórica do nosso mais
autêntico Herói.
A Sombra de
Tiradentes
(Pedro Luis)
Não recueis de uma sombra!
O frio braço do espectro
Não pode
quebrar um cetro,
Que tendes por divinal!
Envolto em sua bandeira,
Triste, pálido, calado,
Também ele é convidado
Desta festa imperial ...
Insensato!
Derramara Que importa ali sucumbisse
Esse
sangue generoso No cadafalso maldito
Sobre
o solo venenoso E da independência o grito
Em
tempos de escravidão! Morresse nos lábios seus?
Caiu
no chão às golfadas, Que importa a morte
afrontosa
Foram
benditas sementes: Se no cadáver gelado,
Do
sangue de Tiradentes Pelo Brasil retalhado,
Brotou-nos
a salvação. Choveram bênçãos do céu?
Pensei que o ídolo santo
Que adorássemos
agora,
Do homem
fosse qu’outrora
A pátria, muda, chorou.
Hoje,
percebo assombrado
Que a
maldição fulminada
Contra essa
fronte elevada
Té ao futuro chegou.
É esse herói soberbo,
O
filho da liberdade,
Que a cega posteridade
Nessa baixeza esqueceu;
Sonhador
que sonhou tanto
Na noite do cativeiro,
Foi ele o mártir primeiro
Que pela Pátria morreu.
Ele, sim! ... Quando nas trevas
Todos
curvavam a fronte,
Divisou lá no horizonte
Doce esperança — uma luz...
E quis
carregar, ousado,
Da liberdade o Atlante,
Sobre
os ombros de gigante
A terra de Santa Cruz.
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