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Perigosa Realidade


                                                                                       53ª comunicação
               
Diante dos absurdos que estão acontecendo, senti a necessidade de dar continuidade ao assunto do momento, a Revolução redentora de 1964, um movimento cívico-militar que salvou o País de tornar-se uma republiqueta sem expressão, como tantas outras que seguiram os passos em direção a “grande Cuba”. Isso proporcionaria ao País vivenciar o desespero e a desesperança. Em proporção elevada ao cubo.
            Para se proceder a uma análise sobre determinado fato histórico que muda o rumo dos acontecimentos, é necessário submetê-lo a três etapas: o ambiente da época, sob a óptica dos fatos que exigiam providências inadiáveis, o que vem a constituir-se nos antecedentes do acontecido; a consecução do fato e, por fim, as consequências posteriores. 
            Antecedentes do fato: Quanto aos acontecimentos, embora graves, estão pouco a pouco deixando de ser lembrados, submetidos a uma propaganda, ou lavagem cerebral, que propositadamente os ignora. Lembremos alguns desses fatos: vivíamos mergulhados num caos, com a economia desacelerada e a inflação sem controle. Uma violência induzida por orientação ideológica, ditada pelo Komintern, ou Internacional Comunista. O clima era de anomia. Tornou-se impossível prosseguir com a marcha do desenvolvimento de um período de ouro, instalado pelo presidente Juscelino Kubitschek. Outros fatores: um ambiente político marcado por fatos deprimentes e antipatrióticos, praticados por facções que se digladiavam em torno de mesquinhos interesses, próprios ou ideológicos, contrários aos interesses nacionais. O povo na rua apelava para que as Forças Armadas interviessem, evitando-se que o comunismo, já pronto para o desfecho final, por fim, se apossasse do poder.
Este estado de calamidade teve início com a renúncia do presidente Jânio Quadros. O vice-presidente, João Goulart, seu substituto natural, não tinha o apoio das Forças Armadas, devido a atitudes tendenciosas, em cumprimento às exigências de uma esquerda que já iniciara a marcha para a tomada do poder. Felizmente foi encontrado, após longos e sofridos diálogos, uma saída honrosa: o Parlamentarismo. Após um breve período de turbulências controladas, mas mal conduzidas, o Dr. João Goulart tomou posse constitucionalmente, num ambiente nada confortável.
O fato: Foi neste estado caótico, beirando a uma guerra civil catastrófica, com demonstração explícita de tal possibilidade em vários setores da vida nacional, num clima de violência e atuação de movimentos que incitavam a população a participar de manifestações a favor de reformas, que inevitavelmente levariam à divisão da sociedade, ou à luta de classes, uma tática tipicamente comunista. Era o que faltava para que medidas fossem tomadas. Assim, não havia mais como negar que o momento para interromper aquele clima pré-revolucionário, como único recurso, seria um contragolpe, impedindo que se prosseguissem os inglórios intentos da tomada do poder. Está aí, resumidamente, o fato.
As consequências do fato: É por demais sabido que as táticas utilizadas para expansão do comunismo consistem na infiltração nos vários setores representativos das atividades profissionais e culturais: magistério, movimento estudantil, meio artístico, imprensa, classe operária, camponeses, sindicatos e suas confederações, além de incitar preconceitos raciais e de etnia. A questão dos índios, por exemplo. A luta de classes, o incitamento ao ódio e à vindita são as armas mais eficientes. Os meios justificam o fim, como dizem.                                  
            Mal se deu a posse do Gen. Castelo Branco, os grupos impedidos de continuarem na luta para apoderar-se do poder, já em vias de se concretizar, partiram para uma operação de guerrilhas, numa traiçoeira conexão com países comunistas. Muitos de seus membros foram enviados para se aperfeiçoarem nos países que possuíam alto grau de conhecimento das táticas guerrilheiras: Cuba, China, Albânia e Rússia. Ao regressarem, traziam uma bagagem sobre uma nova modalidade de guerra, pouco conhecida no País. A guerrilha. Organizaram-se em células guerrilheiras independentes, mas com orientações centralizadas. O objetivo era o mesmo: criar um clima de ingovernabilidade. Daí surgiram as organizações clandestinas para atuarem nas cidades e no campo. Citemos algumas: ALN, MRT, REDE, VPR, MR-8, VAR-Palmares, COLINA, AP, PRT, PRP, PRO, AV, UNE, Ligas Camponesas, POLAR, POLOP, acrescidos dos Partidos políticos: PCB, PC do B, PCR, MAR, PCBR, PRO e outros meios de combate e propaganda. O MST, mais tarde, se destinaria a revolucionar o meio rural. Estas organizações agiam na clandestinidade.
Alguns fatos que marcaram épocas: Bomba no Aeroporto Guararapes, em 1966 (talvez o início da escalada do terror); sequestro dos embaixadores norte-americano, da Alemanha e do cônsul do Japão; sequestros de aviões comerciais, assaltos a bancos, atentado ao QG do II Exército, furto de armas nos quartéis, assassinato de oficiais estrangeiros e outros desatinos. No campo, destaca-se a Guerrilha do Araguaia, de triste memória. Pelo visto, e disso ninguém tem dúvida, os presidentes militares não tiveram oportunidade de transferir o governo para os civis, como era previsto. Maldosamente, refere-se a este inglório tempo como “ditadura militar”. Quem já ouviu falar em ditadura em que o ditador revezava de tempos em tempos, com o Congresso funcionando? Nenhum deles demonstrou vontade de se reeleger. Nenhum deles teve a pecha de corrupto. Isso não é ditadura, mas governos excepcionais num clima de terror, o que impediu que se processasse a transferência do Poder para os civis. É bom que se diga que não havia estabilidade política.
Após 29 anos do fim dos governos militares estamos aos poucos retornando ao período das grandes tormentas. São muitos os motivos que indicam o retorno de antigos propósitos, nunca interrompidos. O clima político, em ano de eleições, é delicado. Em nome de uma fragilizada democracia, foi criada uma carapaça para perpetuação no poder. O voto, que é quantitativo e não qualitativo, numa sociedade carente de informações e propensa a recompensar favores pretensamente obtidos, é instrumento precioso para conquistar cargos eletivos. Uma inversão de valores.
A história não é escrita por palavras, mas por fatos.  As palavras evaporam. Os atos permanecem. Por isso tanto desespero em querer apagá-los da história. Os métodos, embora sórdidos, são eficientes. A mídia é uma boa ferramenta.
Uma coisa que chama a atenção é a propaganda em horários nobres das televisões. Durante todo mês de março e adentrando-se no mês de abril, algumas televisões vêm apresentando, invariavelmente, as mesmas cenas e comentários sobre a tortura, com nítida intenção de macular a honra daqueles que se viram envolvidos no combate à subversão. Pobre do País em que a imprensa não respeita os sentimentos nobres e distorcem a realidade dos fatos. Falar sobre tortura sem mencionar os efeitos maléficos do terrorismo, é também prática terrorista. Quem estaria mantendo o custo de tanto espaço nobre? Será gratuitamente? Difícil de acreditar.
O momento é de cautela e união. É preciso pacificar os ânimos e não atirar mais lenha na fogueira. Brasil, acima de tudo.         

Comentários

  1. Concordo. Cuba em paralelo com desespero e desesperança em proporção elevada ao cubo foi um bom trocadilho, amigo Oto.
    No leme está o Cristo e no comando universal a Inteligência Suprema. Não nos desesperemos, tudo tem uma razão de ser. Mas que a mídia só tem atacado os militares lá isso é verdade! É a eterna "verdade" de um dos lados que assume o poder, como o que está em voga.

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