(Sétima Comunicação)
Este livro trata de temas importantes, vistos segundo o que se passava
numa época de transformações globais profundas, quando ainda tudo era confuso.
Citemos alguns artigos: Globalização, com os seguintes títulos: Econômica,
Política, Cultural, Social e Globalização da Solidariedade; Democracia e
Liberalismo, Civilização, Moral e Ética, Nacionalismo, ideologia, entre tantos
outros temas sumamente importantes.
Introdução à data
Hoje é 31 de março de 2013, Domingo
de Páscoa, data magna da Cristandade. Neste dia comemoramos a ressurreição de
Jesus Cristo, após abominável condenação e uma morte humilhante, morte de cruz.
Deste fato inominável e execrável, surgiria o cristianismo, movimento que iria
marcar a história do mundo, antes e depois de Cristo (a.C e d.C).
Este dia lembra também um
acontecimento cívico-militar, que é um marco de luz na história do Brasil: O
quadragésimo nono aniversário do contragolpe que pôs fim a um período de crises
profundas, um autêntico caos, sob a tutela do comunismo internacional, uma
espécie de manto avermelhado de sangue, que viria sofrer um golpe letal em
1991, com a dissolução da União Soviética. A nossa memória é fraca, por isso
seria oportuno rever os fatos que antecederam aquele épico episódio, no período
compreendido entre o ano de 1935 (Intentona comunista) e os dias que
antecederam a data que hoje deveria ser comemorada, mas que, por razões
ideológicas, nos dias de hoje, teimam levar ao esquecimento. Não é justo e nem
patriótico tentar apagar com borracha não apropriada, os feitos que
engrandeceriam qualquer país do mundo, que preza a sua história.
Que esta data seja também um marco de
reconciliação, assim como foi, à época, a Lei da Anistia, que buscava a união
de todos os brasileiros, indistintamente. Se houve excessos e atos
injustificáveis de terrorismo e de tortura, com assassinatos e toda espécie de
barbaridade, não tenhamos dúvida, os houve dos dois lados. Quem participa de
guerras ou movimentos afins, se vê impregnado pelo ambiente revanchista e
radical. Isso é próprio da imperfeição humana. A data, portanto, convida a
todos contendores a um recíproco ato de perdão.
A Sociocracia, regime político que
será motivo de abordagem no terceiro volume dos livros Mosaicos da Sociedade
Brasileira, tem por objetivo apresentar um meio termo conciliatório. Não fosse
assim, eu não teria levado a sério um roteiro de vida traçado por precognições.
Uma das palavras mais mencionadas
nas contendas que incitam a luta política e servem como veículo desagregador
das sociedades é a ideologia. Mas nem todos têm dela uma idéia exata. Esta
pequena introdução é um aperitivo para que comentemos sobre ela.
Ideologia
(O
ser humano é um vulcão em atividade, concebendo e liberando ideias.)
A ideia é a representação mental de uma
coisa concreta ou abstrata, com o fim de transmitir informação pessoal ou de
conteúdo modificativo de uma realidade já concebida. A ideia, portanto, é uma
maneira particular de se ver as coisas em forma de opinião, conceito ou juízo,
o que pode conduzir a uma descoberta, invenção ou criação, no mundo da
realidade concreta. Ela está ligada à memória, ao conhecimento e, em alguns
casos, à “ideia adventícia” que, segundo Descartes, provém de coisa exterior
ao espírito. (intuição).
Está aí o primeiro passo para entrarmos no
complexo mundo da ideologia. Termos uma ideia (noção) do que seja ideia.
(...)
Como cada ser humano, ao apreciar um
determinado fato ou analisar situações que constituem episódios excepcionais,
ou mesmo de rotina, o faz segundo característica própria e dentro de um
universo que engloba grau de cultura, situação sócio-econômica, intimidade com
o fato apreciado ou analisado, isto vai propiciar maior ou menor embasamento ao
formar uma opinião. Esta seria a situação normal, racionalmente correta. Mas aí
entra o interesse, que se transforma em alicerce de todas as situações que
compõem as estruturas das sociedades.
Daí as divergências de concepções
doutrinárias, aglutinadoras de opiniões que se identificam. Ao tomarem formas e
se consolidarem como causas concretas, estas concepções (conjunto de ideias)
vão se transformar em ideologia. Esta, apesar do complexo universo que a
caracteriza, com teses e mais teses consubstanciadas em vasta literatura — por si
só capazes de formar uma biblioteca — e em permanente confronto com outras
ideologias, acaba-se amesquinhando no mundo do interesse, formando militantes
políticos, abandonando o seu conteúdo filosófico, como fora inicialmente idealizado.
Estribada no racionalismo, desviou-se dele e enveredou-se para o anarquismo.
A ideologia é, por assim dizer, a cartilha
que fundamenta sistemas idealizados para administrar a vida em sociedade. Assim
podemos apontá-la como arcabouço da política.
Norberto Bobbio, Nicola Metteucci e Gianfranco
Pasquino, em seu “Dicionário de Política”, em vasto texto, discorrem sobre a
dualidade conceitual do termo, atribuindo ao mesmo um significado fraco e um
significado forte. Eis uma pequena mostra: “No seu significado fraco, ideologia
designa o genus ou a species diversamente definida, dos sistemas de crenças
políticas: um conjunto de ideias e de valores respeitantes à ordem pública e
tendo como função os comportamentos políticos coletivos.”
“O significado forte tem origem no conceito de ideologia de Marx,
entendido como falsa consciência das relações de domínio entre as classes, e se
diferencia claramente do primeiro, porque mantém, no próprio centro,
diversamente modificada, corrigida ou alterada pelos vários autores, a noção de
falsidade: “A ideologia é uma crença falsa.”
Marx partia do pressuposto de que a falsidade
da ideologia residia na relação de domínio entre as classes sociais, portanto,
estava voltado para uma utópica igualdade. Diante dos radicalismos com que se
enfrentaram no decorrer do século XX — comunistas e democratas (esquerda e
direita) — e com o desmonte da URSS em 1991, houve um espaço a ser ocupado.
Falava-se, inclusive, que não mais haveria espaço para enfrentamentos
ideológicos. Estava sepultada a “guerra fria”, onde a bipolaridade de poder e
força cediam lugar à hegemonia dos Estados Unidos. Foi a partir daí que o poder
econômico passou a dominar o mundo e impor regras rígidas ao mercado
financeiro, que absorveu o poder político e instalou uma “democracia” do
capital, com nome de globalização. Com isso iniciou-se uma campanha contra o
Estado nacional, atacando a soberania e promovendo um desencanto nos valores
nacionais. Não se pode ignorar que, com o vácuo proporcionado pelo
enfraquecimento do comunismo, outras ideologias, de natureza étnica, religiosa
e cultural, até então contidas pela guerra fria, passaram a ocupar espaço e
extravasaram recalques e injustiças reprimidas ao longo dos tempos. As
explosões de ódio se fazem presente no mundo todo e se traduzem em atentados terroristas
e movimentos de rebeldia à ordem global, criando-se um clima antiglobalizante.
Os atentados terroristas em Nova York e Washington atestam este caótico sistema
internacional.
Daí deduzimos:
O mal das ideologias está nos excessos e não
nas carências. A confiança desmesurada na possibilidade do domínio global, pela
conjugação do poder econômico e bélico, criou condições para uma reação dos
dominados. A falsidade ideológica não permite enxergar as várias realidades
neste mundo de Deus e, tão pouco, admitir pontos positivos de opositores. Tanto
capitalismo quanto socialismo tem pontos positivos e negativos. Muito depende,
para balanceá-los, a disposição de um diálogo convergente, capaz de criar
ambiente seguro à revisão de sistemas doutrinários, e não ideológicos.
Os militantes de ideologias radicais se
apegam ao falso conceito das “verdades absolutas” e, com isso, não se
predispõem sequer a dialogar no campo das ideias, com qualquer proposta que
possa contrariar seus preceitos pétreos. Na defesa de princípios dogmatizados
usa-se a tática da intolerância e do arbítrio. Tornam-se senhores do mundo e, daí
apregoa a luta até a morte para impor ponto de vista sustentado em falsos
pilares, sobretudo ideológicos e religiosos.
Nos dias de hoje, diante de tantos pontos
conflitantes, o mundo, mergulhado numa falta de perspectiva, exige uma
inevitável aproximação entre forças antagônicas, sob pena de mergulhar em uma
“noite de trevas”, após confronto bélico apocalíptico. Clama por um
desarmamento dos espíritos e pela volta do diálogo, em pé de igualdade. Isso
está presente nas constantes frentes pela paz, no mundo todo.
Os
ideólogos são teóricos da convivência em sociedade. Infelizmente, as mazelas
sociais têm sido apreciadas como saborosos repastos, compostos de variadas
iguarias. O paladar é a tendenciosidade dos formadores de opiniões, que
desfrutam de um prazer degustativo, ao apreciar pratos tão indigestos.
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