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Misticidade e Realidade-4

                 61ª Comunicação
Realidade – Diagnóstico e Prognóstico de um País em crise.
Após a autocrítica vista no artigo anterior, voltarei a comentar sobre a realidade dos nossos dias. Jamais passou pelos meus propósitos ter que referir-me a assuntos tão delicados. Acontece que venho acompanhando o que está acontecendo atualmente desde o ano de 2005, registrando em livro. (“Nas Pegadas de uma Espera”- Thesaurus Editora, 2007). E também participando, na condição de humilde coadjuvante, de muitos fatos históricos. Estão aí as credenciais para o presente comentário:
Que ninguém se engane: o Brasil passa por um momento difícil e perigoso. Não é mais possível observá-lo superficialmente, nas aparências ilusórias do fausto e da magia de uma opulência concentrada em minorias enclausuradas em castelos de vidro, deslumbrantes, mas frágeis; no País do consumismo desregrado e das facilidades possibilitadas pelo dinheiro adquirido desonestamente, através de práticas criminosas; no País do “faz de conta” que somos o que deveríamos ser, e não somos. Este não é o Brasil real. Nele não se vê os problemas nacionais que se apresentam em forma de vários Brasis. Temos de encará-lo como um País que está perdendo a sua identidade; um Brasil dos contrastes abismais, da miséria contemporizada por bolsas diversas, que cumprem objetivos políticos e ideológicos, mas impedem que se criem mecanismos voltados para a integração social. O Brasil dos problemas tidos como insolúveis e eternizados por uma luta que se trava na busca do poder, mesclado por ideologias que trazem o ranço do ódio, da vingança sem sentido e da luta de classes; do incentivo aos preconceitos com a aparência de combatê-los, escusando-se em abrir-se ao diálogo tendo em vista aos interesses nacionais, e não a submissão às ordens de uma cúpula externa que visa a reativar arcaicos propósitos. Querem um exemplo?   
Para onde estão nos levando, devagar, mas seguindo um planejamento bem orquestrado? É notório que os projetos em andamento vêm de Cuba, cuja cúpula que a comanda ditatorialmente recorre às democracias do “capitalismo selvagem”, como o nosso Brasil, para obtenção de auxílios necessários ao desenvolvimento de seu país, uma vez que se encontra em patamar de imobilidade, sem perspectiva de integração global. Oferece, em contrapartida, uma fracassada ideologia que ignora o que seja o bem-estar de seu povo. O Foro de São Paulo determina essas orientações.
Se o devotamento e a paixão que os comunistas demonstram ter ao partido de seus sonhos fossem dedicados às Pátrias que os abrigam, o mundo seria outro.
Discorramos sobre o que se passa na atualidade e pouco se nota:
Paira no ar sinais de insatisfação pelos gastos considerados excessivos com a Copa do Mundo, ao contrário do que seria normal, em que a paixão pelo futebol faz parte da cultura do povo, sem exclusão de classes sociais. Num ambiente de repúdio aos desarranjos institucionais devidos aos gargalos sem solução à vista, a Copa do Mundo se transformou em “bola da vez”. Em Brasília, sede do Poder, num ambiente de revolta, os movimentos reivindicatórios e contestatórios, acrescidos de 500 lideranças indígenas, transformaram a capital federal num campo de batalha. Não resta dúvida que essas manifestações não são contra o futebol, mas uma maneira de demonstrar o descontentamento pelos absurdos diariamente anunciados. Triste e perigosa constatação. Comparando-se aos acontecimentos recentes, as manifestações, cada vez mais violentas, se alastram por todo o País. Interesses políticos e ideológicos, sem dúvida, vão querer tirar uma “casquinha” desta deplorável situação. O ano é de eleições. E de muitas preocupações. Vivemos à sobra de incertezas.

Misticidade: Não fosse a minha incredulidade, registrando em livros o que poderia ou não ocorrer, não estaria aqui reproduzindo o que, à época, seria um absurdo. Somente o destino justificaria tal absurdo. Mas o que é o destino?    
O destino é algo indefinido, incontestável, incompreendido e inconseqüente. No entanto, queiramos ou não, acreditemos ou não, há determinados fatos que levam pessoas incrédulas ou indiferentes, ainda que por desconfiança ou dúvida no que pode ou não acontecer, guardar em segredo as respostas às suas expectativas. Talvez eu me enquadrasse entre esses desconfiados. Tanto é assim que passei a registrar em livros os prováveis acontecimentos previstos por pessoas dotadas do dom de vidência. Quando as previsões se confirmam, só se tem duas alternativas: ou o fato previsto aconteceu como resultado do que foi previamente concebido, ou foi mera coincidência. Aquilo que é óbvio e até mesmo certo de que venha acontecer, considera-se simplória suposição, e não destino. Quando as precognições dizem respeito a situações reais e incontestáveis, a nossa tendência natural é argumentar com base naquilo que nos impressionou. Nestes casos o fanatismo pode impedir que o despertar da fé, uma virtude teologal que não admite dúvida ou desconfiança, aflore ou se desenvolva. O fanático impõe a sua verdade. É egoísta por natureza humana. A fé é própria do homem espiritual, que acredita que a vida prossegue depois da morte.        
Voltemos novamente à continuação das narrativas dos fatos. 
         Uns dois anos mais tarde, talvez em 1988, fui avisado pelo Sr Onarildo  de que deveria escrever mais um livro. Apenas pensava que o tal livro a ser escrito seria aquele que já estava na editora. O das 18 páginas referido pela “Tia Neiva”. Nesse momento fui surpreendido com uma resposta ao pensamento, dizendo-me que não se tratava do livro que eu estava pensando, mas de outro a ser escrito. E como prova de como esse seria importante, eu escreveria uma página e teria a sensação de que ela não fora escrita por mim. E mais: que apesar de estar muito confuso, saberia perfeitamente o que escrever. Portanto, não havia motivos para preocupações. 
           “Saí dali desanimado, pois a essa altura, depois de vivenciar o pseudo “fracasso” do primeiro livro e a impossibilidade de publicar o segundo, já há muito no prelo, ainda deveria escrever um terceiro! Iniciei o trabalho e as ideias vieram numa quantidade crescente. Em pouco mais de um ano havia terminado o 3º volume.
                Dessa época guardo recordações interessantes. Citarei duas delas:         

“ A primeira é que de fato escrevera uma página e não me lembrava de tê-la escrito. Nada tinha de extraordináriio, simplesmente não me recordava e, apesar de ter sido escrito à mão, com minha letra, não era capaz de identificar o conteúdo da página como de minha autoria. A segunda, é que tinha escrito um capítulo e queria transportá-lo de lugar, incluindo-o em outra parte. Estava indeciso e não sabia a quem recorrer, pois se tratava de uma questão técnica. Podia ou não fazê-lo? Resolvi, então, procurar o Sr Onarildo e lhe pedir uma orientação. Pura decepção! Queria lhe falar e ele não queria me ouvir. Diante daquela situação incômoda resolvi acompanhá-lo no atendimento aos clientes. Ele na frente e eu atrás. De repente ele virou para mim e disse: Está certo. Pode passar o capítulo escrito de um lugar para o outro. “Você está bem assistido.” Nem é preciso dizer que saí dali confuso, sem jamais poder compreender uma resposta a uma pergunta que não chegou a ser feita! (Mosaico da Sociedade Brasileira, Problemas Institucionais e Sugestões – Editora Verano, Brasília, 1987.” Há fatos que vão além do nosso entendimento. Isso é indiscutível. 

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